Morreu a compositora e exploradora sonora Pauline Oliveros

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A compositora, improvisadora, acordeonista, exploradora sonora e professora que desenvolveu a teoria “deep listening” Pauline Oliveros morreu na sexta-feira, aos 84 anos. As causas são desconhecidas. O óbito foi confirmado pelo Deep Listening Institute, a organização fundada pela compositora americana, que acabou conhecida pela aproximação experimental ao som e à música, criando teorias e técnicas de meditação sonora.

“Oiçam com os vossos ouvidos, escutem com o vosso coração”, era o princípio que guiava alguém extremamente atenta às qualidades meditativas do som. Para ela existia uma diferença significativa entre a natureza involuntária da audição e a natureza voluntária e selectiva – exclusiva e inclusiva – da escuta, sendo a partir dessas ideias que concebeu o conceito de “audição profunda”, propondo peças musicais interpretadas em locais inusitados, onde as próprias características do espaço de performance eram consideradas um instrumento vivo.

Grande parte do seu trabalho mais significativo explorava o conceito e a prática de “deep listening” – improvisação em estado de elevada consciência auditiva. "É ouvir de todas as formas possíveis tudo o que é possível ouvir, independentemente do que se esteja a fazer”, afirmava. Nascida em 1932, começou por se distinguir como multi-instrumentista, tornando-se mais tarde compositora, ao mesmo tempo que se evidenciava também como acordeonista. Muitos dos seus primeiros trabalhos envolviam a manipulação de fita magnética bem como a utilização particular dos equipamentos de estúdio, a que recorreu para o design das suas performances ao vivo, revelando um interesse particular pela teatralidade das actividades rituais.

Na década de 1960 foi co-fundadora e directora do San Francisco Tape Music Center, no qual estiveram envolvidos nomes como Terry Riley ou Steve Reich, e dirigiu, entre 1967 e 1981, o Center for Music Experiment da Universidade da Califórnia, San Diego. Foi nos anos 1980 que desenvolveu o conceito de “deep listening”, acabando por fundar o Center For Deep Listening.

Em 1981 abandonou a carreira académica para se dedicar ao trabalho como compositora e performer, com o ensemble Deep Listening Band, tendo criado a sua própria organização artística, a Pauline Oliveros Foundation. Nessa década gravou álbuns como Accordion and Voice (1982) e Deep Listening (1989), que são considerados registos fundamentais da música ambiental. Nos últimos anos era professora e investigadora de música no Rensselaer Polytechnic Institute, tendo actuado em Portugal em mais do que uma ocasião. 

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