Nada de novo debaixo do sol

O pior momento deste Governo foi dificultar a vida ao Reino Unido, aquando da negociação do acordo de Março que seria levado a referendo.

Numa análise objectiva, enxuta de partidarismo, nada de relevante se alterou na relação entre o Governo português e as instituições europeias, o que é natural atenta a constância das nossas políticas europeia e externa. A única coisa que mudou, já havia mudado a meio de 2014: Portugal deixou de estar sob um programa de assistência, dispensou a troika e ganhou com isso uma maior margem de manobra orçamental e económica. A alegação, muito propagandeada, de que “o actual Governo bate o pé a Bruxelas, enquanto o anterior não batia” não tem fundamento. Durante a presença da troika, apesar de não alardeada para não deteriorar a situação, a tensão entre Lisboa e Bruxelas era alta e muitas medidas perniciosas foram evitadas por uma defesa intransigente do interesse nacional. Atitude que, reconheça-se, se mantém.

O pior momento deste Governo foi dificultar a vida ao Reino Unido, aquando da negociação do acordo de Março que seria levado a referendo. Essa posição fez tábua rasa de interesses geopolíticos estruturais de Portugal e pode ter deixado sequelas. Aparentemente, o Governo português corrigiu a rota e dá sinais de favorecer uma parceria forte com os britânicos.

O melhor foi a forma como, em articulação com os deputados europeus e em todas as frentes diplomáticas, se opôs à aplicação de sanções e ao congelamento de fundos estruturais. Um exemplo de capacidade de mobilização e de coordenação de esforços.

Nada de novo, portanto, debaixo do sol.

 

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