No Porto o combate das autárquicas pode fazer-se entre dois independentes

Sociais-democratas recusam deixar o palco todo para Rui Moreira e ponderam apresentar uma figura independente que não dependa da política e “com provas dadas”

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O líder da concelhia, Miguel Seabra, também diz que não houve convites, mas acrescenta que o partido já abordou algumas personalidades e todas se mostraram receptivas. ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

É muito provável que o candidato que vier a ser designado pelo PSD para encabeçar a lista adversária à de Rui Moreira nas eleições autárquicas de 2017 à Câmara do Porto seja um independente “com provas dadas e que em circunstância alguma dependa da política”, apurou o PÚBLICO.

Os sociais-democratas querem despartidarizar ao máximo a candidatura ao Porto e, por isso, inclinam-se para apoiar uma figura independente da cidade que divida os votos com o independente Rui Moreira, que em 2013 conquistou a câmara ao PSD, liderada durante três mandatos por Rui Rio. Álvaro Almeida, professor associado da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, especialista em Economia e Finanças e ex-presidente da Entidade Reguladora da Saúde, é a personalidade que os sociais-democratas gostariam de ver a liderar a lista ao Porto.

O PSD-Porto já fez chegar ao líder do partido, Pedro Passos Coelho, uma shortlist com alguns nomes que considera terem o perfil adequado para disputar os votos com o adversário mais directo. A negociação com a direcção nacional do partido evitou, que o candidato à segunda mais importante autarquia do país fosse imposto por Lisboa.

Paulo Rios, coordenador autárquico do PSD garantiu ao PÚBLICO que não foi formalizado nenhum convite a nenhuma figura para liderar a lista e assegurou que o candidato estará “à altura da ambição do projecto que o PSD tem para a cidade”. O líder da concelhia, Miguel Seabra, também diz que não houve convites, mas acrescenta que o partido já abordou algumas personalidades e todas se mostraram receptivas.

É seguro quer o ex-ministro da Economia do Governo de António Guterres, Daniel Bessa, que tem colaborado em algumas iniciativas do PSD e que já mostrou disponibilidade para continuar a colaborar, não consta da shortlist da concelhia. Próximo do PS, Daniel Bessa liderou a lista de Rui Moreira à Assembleia Municipal do Porto, em 2013, mas pouco tempo depois renunciava ao cargo, invocando razões de natureza pessoal. O ex-governante terá batido com a porta devido a divergências políticas com o autarca independente.

Fonte social-democrata garantiu ao PÚBLICO que a solução para a Câmara do Porto começou a ser negociada há um ano e meio, a partir do momento que os sociais-democratas perceberem que não havia espaço para uma coligação com Rio Moreira nas autárquicas do próximo ano.

“Não queremos um político profissional, queremos uma pessoa com provas dadas e que em circunstância alguma dependa da política”, declarou ao PÚBLICO fonte do partido.

O deputado e coordenador autárquico do PSD, Paulo Rios, mostra-se “muito confortável” com o facto do processo de escolha ter sido acordado entre Passos Coelho e Miguel Seabra, líder concelhio. “Como coordenador, é para mim muito agradável que a solução autárquica do PSD para o Porto não tenha sido imposta”, afirma o deputado e coordenado autárquico, Paulo Rios, que dá a garantia de que o candidato é uma pessoa responsável e credível, que protagonizará uma candidatura séria e credível”.

Mas há um outro aspecto que pesou na decisão de avançar com um candidato próprio e sem ligação aos partidos e que tem a ver com o facto de tanto socialistas como democratas-cristãos apoiarem a recandidatura do actual presidente. “O que é que a cidade ganha quando todos os partidos fazem parte da mesma solução?” questiona a mesma fonte, frisando que “há eleitorado do PSD que elegeu Rui Moreira em 2013, mas que em 2017 votará sempre no candidato que o partido indicar”.

A dez meses das eleições autárquicas, o coordenador social-democrata concentra-se na oposição que o partido vai fazer à gestão do presidente da Câmara do Porto e convoca os “melhores da cidade” a juntarem-se ao debate que o PSD vai fazer, com o argumento de que “não existe nenhum preconceito contra aqueles que não são do PSD e que o partido também não tem preconceitos em relação às boas ideias”.

O deputado social-democrata alude à leitura política que o resultado das autárquicas terá a nível nacional para dizer que o PSD vai mobilizar-se para ter uma vitória no Porto na noite eleitoral.

 

 

 

 

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