No campo de Zaatari à procura de uma vida normal

Numa zona árida no norte da Jordânia, ergueu-se uma "cidade" que chegou a ter 125 mil refugiados sírios. Actualmente muitos deles temem ser enviados de volta para o seu país ainda em guerra. 

AMMAR AWAD/Reuters
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Onde havia apenas uma zona árida no norte da Jordânia, ergueu-se uma cidade de casas precárias que chegou a albergar 125 mil refugiados sírios e pela qual passaram mais de meio milhão de pessoas. Actualmente o campo de Zaatari conta com cerca de 79 mil residentes e muitos deles temem ser enviados de volta para o seu país ainda em guerra.

Mohammad Othman lembra-se do tempo em que tinha de ziguezaguear na sua bicicleta pelas ruelas do campo de refugiados tal era a multidão de pessoas que ali vivia. “Mesmo a pé não andava à vontade entre empurrões”, explica o sírio de 24 anos que chegou a Zaatari com a família em 2012. Nessa altura, o ritmo de chegada de pessoas era tão frequente que era impossível montar tendas suficientes para os acolher à mesma velocidade. Foi também numa altura em que no campo se tentava retomar a dinâmica de uma vida quase normal. Surgiram lojas que vendiam gelados, outras que vendiam telemóveis ou mesmo lojas que alugavam vestidos de casamento. A expansão do campo contribuiu para o rejuvenescimento económico de uma zona praticamente esquecida da Jordânia, anteriormente conhecida pela contrabando de todo o tipo de bens. 

No entanto, as Nações Unidas afirmam que actualmente o número de residentes no campo de Zaatari desceu para 79 mil pessoas e quem lá vive defende que o valor é ainda menor. No ano passado, muitos dos sírios que ali encontraram refúgio saíram para arriscar um percurso perigoso até à Europa. Outros saíram após os seus pedidos de asilo terem sido aceites. Para além disso, o governo da Jordânia tem encetado esforços para limitar o crescimento do campo. A fronteira com a Síria foi fechada em Maio de 2013 alegando estar a dispender esforços excessivos quer nos seus recursos hídricos quer na sua economia. As autoridades do país baniram qualquer forma de transporte motorizado no campo de Zaatari, as construções em cimento são proibidas, e os refugiados não podem plantar qualquer planta. A Jordânia procura assim evitar que o campo se prolongue no tempo ou mesmo que os refugiados se estabeleçam ali de forma mais permanente.

Ao mesmo tempo, os sírios procuram trabalhar em quintas nas proximidades, por vezes sem o respectivo visto de autorização, arriscando serem enviados de volta para o seu país. “O problema é que a qualquer altura eles podem enviar-me de volta para a guerra da qual fugi”, desabafa Abu Ayham, 38 anos, depois de um dia a apanhar tomates. “Preferia partir para a Europa ou para a América do que ficar aqui com medo de que um dia destes eles me mandem embora”.

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