“Brexit”: Reino Unido precisa de mais 143 mil milhões em financiamento

Necessidades de financiamento aumentaram face ao previsto e as previsões de crescimento foram revistas em baixa.

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Ministro das Finanças durante a intervenção no Parlamento britânico AFP

As necessidades de financiamento do Estado britânico para os próximos cinco anos aumentaram em 122 mil milhões de libras (143 mil milhões de euros) em relação ao que se previa em Março, meses antes do referendo que desencadeia o “Brexit”.

A trajectória do financiamento continua em sentido descendente, mas a redução será menor. A projecção é do instituto responsável pela fiscalização da política orçamental no Reino Unido, o Office for Budget Responsibility (OBR), que reviu nesta quarta-feira as previsões de receita e de endividamento público em relação ao que projectava antes do referendo de 23 de Junho.

No Parlamento, o ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, traçou o cenário macroeconómico com que o Governo de Theresa May está agora a trabalhar para os próximos anos: o nível de crescimento da economia estará mais condicionado por uma diminuição no investimento empresarial, pela menor procura e pela desvalorização da libra.

Embora as previsões de crescimento no curto prazo tenham sido revistas em alta pelo OBR – passando a projecção deste ano de 2% para 2,1% –, as expectativas para os próximos anos são mais sombrias. Não só a economia deverá abrandar em 2017, como o valor esperado é agora menor do que o previsto: em vez de um crescimento de 2,2%, o Governo conta que o PIB do país avance apenas 1,4% no próximo ano.

Para 2018 é esperada uma recuperação, mas também menor (a previsão passou de 2,1% para 1,7%). As previsões para 2019 e 2020 mantêm-se inalteradas, com um ritmo de crescimento esperado de 2,1%.

A revisão em baixa dos números para os próximos segue a tendência já esperada por instituições internacionais, como a OCDE e o FMI, que têm alertado para as ondas do “Brexit”.

O ministro das Finanças assumiu que o ritmo de crescimento é mais lento do que o Governo gostaria, mas procurou desdramatizar, lembrando que ainda assim “corresponde à previsão do FMI para a Alemanha e é maior do que a previsão de crescimento” de países europeus como a França ou a Itália. A missão do Governo, disse, passa por tornar a economia resiliente à saída da União Europeia.

Quanto às contas públicas, o Governo reafirmou o compromisso de manter a disciplina orçamental, ainda que os valores previstos tenham sido flexibilizados. O OBR prevê que o défice seja de 3,5% do PIB em 2016 e de 2,8% em 2017, mais alto do que o esperado nas previsões anteriores, de Março. Para a dívida pública, projecta-se que atinja 89,2% do PIB este ano, baixando para 88,9% no próximo ano.

A intervenção do ministro e a divulgação das previsões marcou a sessão da bolsa de Londres, onde o índice FTSE 100 fechou praticamente inalterado, com uma descida mínima, de 0,03%.

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