Accionistas do BPI decidem venda de parte da operação em Angola

O encontro realiza-se esta quarta-feira, na Casa da Música, do Porto.

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A operação deverá contar com o acordo dos principais accionistas António Borges/Arquivo

Os accionistas do BPI reúnem-se esta quarta-feira em assembleia-geral para decidirem a venda de 2% do Banco Fomento Angola (BFA) à Unitel, numa operação destinada a cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE).

Esta venda de 2% do BFA à operadora angolana Unitel, por 28 milhões de euros, significa o fim do controlo daquele banco angolano pelo BPI e foi proposta em Setembro passado pela administração do banco, liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich, considerando-a a "única solução" para o BPI cumprir as exigências do BCE que obrigam à redução da exposição ao mercado angolano, onde Frankfurt entende que a supervisão bancária não é equivalente à europeia.

A operação deverá contar com o acordo dos principais accionistas, o espanhol CaixaBank e a holding angolana Santoro, que detêm 45,50% e 18,6% do capital social, respectivamente, mas há accionistas mais pequenos - representados na associação de pequenos investidores ATM - que estão contra a forma como é proposta a alienação e que já pediram ao presidente da mesa da assembleia-geral que tanto CaixaBank como Santoro sejam impedidos de votar por terem interesses no negócio.

Nas cartas a que a Lusa teve acesso, pequenos accionistas consideram que a holding angolana Santoro não deve votar, porque tem ligações com a Unitel, que irá comprar o BFA, já que ambas são controladas pela empresária Isabel dos Santos.

Dizem ainda que esta venda de 2% do BFA foi proposta pela administração do BPI como contrapartida de, na assembleia-geral de 21 de Setembro, ser aprovada a eliminação dos estatutos do banco dos limites aos direitos de voto, o que se verificou com o consentimento da Santoro, que até aí se tinha mostrado contra.

Recordam ainda os pequenos accionistas que o fim dos limites de voto nos estatutos do BPI era uma das condições que o Caixabank colocou para dar continuidade à Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o BPI, anunciada no início do ano, pelo que defendem que o banco espanhol também tem interesse neste negócio, logo deve ser deixado de fora da votação.

O Jornal de Negócios avançou que também a holding Violas Ferreira - que tem 2,7% do BPI - defende que Caixabank e Santoro não possam votar. Caso o negócio se concretize, o BPI ficará com 48,1% do BFA, deixando de o controlar o banco em Angola, e a Unitel com 51,9%.

O BPI apresentou lucros de 182,9 milhões de euros entre Janeiro e Setembro deste ano, mais 21,2% do que nos primeiros nove meses do ano passado, sendo que para esse resultado contribuiu sobretudo a actividade internacional (onde se inclui a operação em Angola) com 125,4 milhões de euros.

Entretanto, o banco já deu a conhecer ao mercado que a venda de parte do BFA terá importantes impactos nas suas contas.
Segundo o BPI, se essa operação já estivesse concretizada à data de 30 de Setembro, tinha tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da actividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.

A reunião magna sobre a venda do BFA está marcada para as 16h (hora de Lisboa) na Casa da Música, do Porto.

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