Sons em Trânsito abre com cartaz forte para “cativar novas gerações”

Histórico festival de Aveiro regressa esta quarta-feira ao fim de nove anos de ausência. Com Elza Soares, Mayra Andrade, Amadou & Mariam, Ed Motta, Céu, Vicente Amigo, Aline Frazão e Tony Sa’Med.

Fotogaleria
Elza Soares Stephane Munnier
Fotogaleria
Mayra Andrade DR
Fotogaleria
Ed Motta DR
Fotogaleria
Amadou & Mariam Benoît Peverelli
Fotogaleria
Vicente Amigo DR
Fotogaleria
Aline Frazão Fradique
Fotogaleria
Céu Paulo Pimenta
Fotogaleria
Toty Sa'med DR
Fotogaleria
Riot DR
Fotogaleria
Fogo Fogo DR
Fotogaleria
Ana Sofia Paiva Domingos Silva Neto

São quatro concertos duplos com nomes fortes. E é nisso que aposta o Festival Sons em Trânsito, agora de regresso ao Teatro Aveirense ao fim de nove anos de ausência. Nisso e na conquista de novos públicos. Vasco Sacramento, 39 anos, programador do festival e director da Sons em Trânsito, diz que é “importante cativar novas gerações”. Até à anterior edição, que se realizou em 2007 (um ano antes da crise económica que ditaria a sua interrupção), havia muitos concertos esgotados, com público de Aveiro mas também de Coimbra, do Porto ou da Galiza. A incógnita é saber se a geração que enchia os 640 lugares do Teatro Aveirense voltará a fazê-lo ou se acorrerão novos públicos à sala.

O festival arranca esta quarta-feira com Tony Sa’Med (Angola) e Mayra Andrade (Cabo Verde) e prossegue dia 24 com Vicente Amigo (Espanha) e Céu (Brasil); dia 25 com Aline Frazão (Angola) e Elza Soares (Brasil); e termina dia 26 com Ed Motta (Brasil) e Amadou & Mariam (Mali). Sempre às 21h30. Paralelamente, no salão nobre do teatro, haverá actuações de Riot (dia 25, à 0h15) e Fogo Fogo (dia 26, às 0h30). Também no salão nobre, mas na manhã de sábado (às 11h30), a investigadora Ana Sofia Paiva contará “contos do Mundo para todos os públicos”, misturando histórias e cantos.

Mais Brasil e África

“Muitos destes nomes são artistas com os quais eu tenho relações privilegiadas e na logística fazemos valer os créditos que temos perante a indústria musical portuguesa”, diz Vasco Sacramento. “E temos um apoio financeiro da autarquia, neste caso do Teatro Aveirense.” A ideia de fazer regressar o festival foi, diz ele, “do novo director do Teatro Aveirense, José Pina, que está no teatro há meia dúzia de meses, vindo do Centro Cultural de Ílhavo. Foi ele que me desafiou a voltar.” Não foi o primeiro, já outros o haviam desafiado. “Só que eu nunca senti os alicerces necessários, até do ponto de vista político. É preciso não esquecer que a Câmara de Aveiro é uma das câmaras com mais problemas financeiros do país e que passou a última década um situação muito complicada. Se calhar está finalmente a respirar um bocadinho melhor.”

As escolhas dos nomes não têm por base um conceito: “Não gosto muito de programas conceptuais, porque às vezes são armadilhas em que nos colocamos e quando queremos sair de lá é tarde de mais, estamos presos a elas.” Mas têm uma justificação. “No passado, por mero acaso, sem nada que o sustentasse, não fizemos praticamente nada com o Brasil, fizemos um artista cabo-verdiano, nunca fizemos Angola. Por isso eu tive a preocupação de corrigir isso. Houve, por um lado, a vontade de explorar estilos musicais, países, linguagens e idiomas que não tinham sido muito explorados nas edições anteriores; e houve também a vontade de aproveitar as oportunidades que tivemos, o que a maré nos estava a oferecer. Sejamos realistas: nós só podemos ter a Elza Soares porque ela vem a Portugal fazer mais dois espectáculos.” Mas Vasco Sacramento está satisfeito com o seu cartaz brasileiro. “O Ed Motta é um músico doutro planeta, um artista incrível, um grande cantor, um grande instrumentista, um grande compositor, um homem com um bom gosto notável. E é um Brasil que as pessoas não conhecem tanto; a Céu representa uma nova geração que está aí a chegar. E a Elza Soares dispensa apresentações, é um mito, uma lenda viva do Brasil.”

A síndrome Diabaté

Houve, no entanto, este ano um problema que se repetiu: a ausência de Toumani Diabaté, devido a doença. “Era uma espinha que eu tinha encravada na garganta”. Esteve programado para a edição de 2005, com uma estreia mundial (o seu trabalho com a Symmetric Orchestra) e não veio, cancelou a actuação porque contraiu malária. “Enviou-nos até um atestado médico do hospital de Bamako, que afixámos na bilheteira.” A orquestra veio, fez o concerto, mas não foi a mesma coisa. Por isso Vasco Sacramento voltou a programá-lo para abrir o festival este ano, junto com o seu filho Sidiki Diabaté. Azar dos azares: o músico maliano adoeceu de novo, cancelou toda a sua tournée europeia e teve de ser retirado do cartaz. No seu lugar, actuará o jovem cantor Tony Sa’Med, uma estrela ascendente no firmamento da música angolana.

Sugerir correcção
Comentar