Rússia acusa Ucrânia de raptar dois soldados da Crimeia

Governo russo diz tratar-se de um “acto de grande provocação”, mas Kiev defende que apenas deteve “desertores”.

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Soldados da infantaria naval russa durante uma parada militar em Sebastopol, em Abril de 2014 Olga Maltseva / AFP

O Governo russo acusou a Ucrânia de ter raptado dois soldados que se encontravam na fronteira com a península da Crimeia, território cuja anexação por Moscovo em 2014 não é reconhecida por Kiev.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que a detenção dos dois soldados é “um acto de grande provocação” e exigiu o seu “regresso imediato”. Agentes da SBU (serviços de informação ucranianos) detiveram os dois soldados durante a madrugada de domingo e levaram-nos para o território controlado pelo Governo de Kiev na região de Mikolaiv, afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

De acordo com a SBU, os dois soldados foram detidos após terem passado a fronteira entre a Crimeia e o território controlado pela Ucrânia. “Não raptámos ninguém, prendemos dois desertores que atravessaram a fronteira no checkpoint de Chongar”, afirmou a porta-voz dos serviços de informação, Elena Gitlianskaia, em declarações à agência estatal Unian.

Os dois soldados, identificados como Maksim Odintsov e Aleksander Baranov, terão sido levados a atravessar a fronteira pela promessa das autoridades ucranianas em lhes fornecer “documentos que confirmavam a obtenção de educação superior em universidades ucranianas”, de acordo com uma fonte citada pela agência estatal russa RIA Novosti.

No início do mês, os serviços de segurança russos detiveram cinco ucranianos suspeitos de prepararem “actos de sabotagem” contra infra-estruturas da Crimeia, e a televisão russa transmitiu as confissões de alguns dos homens, diz a BBC.

A Crimeia foi anexada em Março de 2014 pela Rússia, depois da ocupação armada de vários edifícios militares e governamentais da península e da organização de um referendo que a União Europeia e os EUA não reconheceram como válido. Desde então, o Governo ucraniano deixou de controlar o território, que foi integrado formalmente na Federação Russa.

Como retaliação, os EUA e a União Europeia aplicaram sanções económicas a vários políticos e empresários russos, que se mantêm em vigor. Kiev receia, porém, que o regime de sanções possa ser revertido assim que o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tomar posse.

Durante a campanha, Trump manifestou o desejo de se reaproximar da Rússia e desvalorizou a anexação da Crimeia e o papel do Exército russo na guerra no Leste da Ucrânia — a NATO acusa Moscovo de apoiar militarmente os grupos rebeldes que combatem o Exército ucraniano. 

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