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Kid Richards: miúdas, rolos e rock'n'roll

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"É-nos apresentada e depois ou desaparece ou fica para a vida inteira". Kid podia ter associado esta frase a uma viagem ("LA, I miss you"; "We miss you too, dude") ou a uma das mil e uma miúdas que lhe passaram pelos rolos nas últimas 178 semanas — "scroll down" lento no Instagram, se fazem favor. Deixou-a escapar em forma de declaração de amor, como tudo o que tem feito desde que abriu aquele "saco de música" e ouviu Led Zeppelin, Motörhead e outros ases e trunfos dos anos que gostava de ter vivido. "A música fica para a tua vida ou desaparece. Ficou", garante ao P2 Kid Richards, 28 anos. E tornou-lhe a fotografia mais crua, "mais suja". "Sinto a influência desse imaginário, dessa sujidade. Prefiro uma t-shirt toda rota do que uma roupa nova. Prefiro tentar arranjar um amplificador dos anos 70 do que emular um som no computador. Gosto das coisas mais brutas e não limpinhas." Como as miúdas que fotografa e que estão longe da passarela, estão despenteadas, desgrenhadas, têm boné, um cigarro no canto da boca e rock'n'roll. "O corpo feminino... é difícil encontrar algo tão interessante para fotografar. Está tudo ali. É um desafio. Pode ser avassalador a nível emocional." Palavra de Kid, que às vezes é Bruno Cantanhede (estudou Arquitectura até ao 4.º ano), às vezes é músico (The Poppers e Born a Lion) e às vezes deixa a alma num livro, que é uma viagem a Milão, o fim de uma relação e o início de um exorcismo ("Let’s Get Lost Here", pela Chiado Editora, será lançado no Porto, a 3 de Dezembro, na Fnac de Santa Catarina, pela voz de Adolfo Luxúria Canibal). A sua vida no Instagram começou quando apanhou Jehny Beth (Savages) no Primavera Sound e fez uma selfie com Josh Homme (Queens of the Stone Age). "Perdi a vergonha. Agora sou mais desavergonhado." A fotografia começou nos rolos que queimou a fazer experiências, a "fotografar tudo, todos os dias à procura da foto perfeita".