Atravessar as ruas junto à Estação de Benfica vai deixar de ser um risco

A obra do Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa contempla um encurtamento de 180 metros no percurso de alguns autocarros. As poupanças em combustível, emissões poluentes e tempo já estão contabilizadas.

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As obras em curso na zona fronteira à estação ferroviária de Benfica devem estar concluídas no fim do ano Fábio Augusto
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Atravessado diariamente por milhares de pessoas, o espaço fronteiro à estação ferroviária de Benfica é um ponto negro para os peões: entre 2010 e 2015, 19 pessoas foram aqui atropeladas, a maioria em passagens de peões. Para pôr cobro aos “graves problemas de segurança” detectados, mas também para “apoiar o transporte público”, a Câmara de Lisboa está a desenvolver no local um conjunto de intervenções, que deverão estar concluídas no final do ano.

A responsabilidade dessas intervenções é da equipa do Plano de Acessibilidade Pedonal, que elenca como três objectivos da obra “reduzir os atropelamentos”, “apoiar o transporte público” e “tornar os passeios e as passagens de peões confortáveis e funcionais para todas as pessoas, incluindo para as pessoas com deficiência”.

Numa visita ao local, o coordenador do plano, Pedro Homem de Gouveia, sublinhou ao PÚBLICO que todos os anos “há imensos atropelamentos” junto à estação, que é uma importante interface de transporte público.

Olhando para as passagens de peões existentes, não é difícil de perceber o porquê de a maioria das vítimas ter sido colhida quando as atravessava: uma delas (na Rua da Venezuela, pouco antes da intersecção com a Rua André Resende) obriga o peão a atravessar três vias de rodagem, no meio de um intenso tráfego de atravessamento e de muitos autocarros, e a outra (entre o separador central e a estação ferroviária) está num ponto em que muitos veículos fazem inversão de marcha, e em que a atenção de quem os conduz não está focada nos peões mas sim nos veículos que vêm do final da Rua da Venezuela.

Pedro Homem de Gouveia destaca os “enormes volumes de tráfego de atravessamento” que se registam no local e acrescenta que este tráfego “é o mais perigoso”, por ser “tendencialmente o mais veloz e o menos atento”. Tendo isso em conta, as passagens de peões existentes vão ser relocalizadas e passarão a ser semaforizadas.

Outra marca desta obra é a aposta no transporte público. A este nível, a convicção do coordenador do Plano de Acessibilidade Pedonal é que “a prioridade” que se quer dar por exemplo aos autocarros “tem que se traduzir nas pequenas decisões do dia-a-dia”, que permitem aumentar a sua velocidade comercial mas também torná-los mais atractivos para os utilizadores.

Nesse sentido, vai ser introduzida uma alteração ao nível da circulação rodoviária: os autocarros da Carris que passam em frente à estação ferroviária e seguem em direcção à Avenida Gomes Pereira vão passar a poder virar à esquerda logo à entrada da Rua Carolina Michaelis de Vasconcelos, deixando de ter que contornar o bloco habitacional implantado entre os dois sentidos de trânsito.

Segundo Carlos Pita Rua, da equipa do Plano de Acessibilidade Pedonal, esta possibilidade de virar à esquerda e de assim se entrar directamente na Avenida Gomes Pereira beneficiará três carreiras da Carris: 703, 750 e 799. Explicando que está em causa um encurtamento de percurso de 180 metros, o engenheiro civil destaca as significativas poupanças que ele vai permitir.

De acordo com as suas contas, todos os anos os autocarros daquelas carreiras efectuam mais de 60 mil passagens no local. Com o encurtamento anunciado, nota Carlos Pita Rua, esses veículos pouparão quase 11 mil quilómetros, mais de 1500 minutos, perto de 6500 litros de combustível e duas toneladas de emissões de CO2.  

Também nas paragens de autocarro vai haver alterações. Como explica Tiago Aleixo, da equipa do Plano de Acessibilidade Pedonal, algumas delas vão passar a estar ligeiramente “inclinadas” em relação à estrada, para que quem está no seu interior tenha melhores condições de visibilidade e também para facilitar as entradas e saídas nos autocarros. Para isso contribuirá ainda a colocação de uma faixa “cromática” no pavimento, para ajudar os passageiros a perceber como devem posicionar-se na fila.

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