Trump quer ganhar um dólar e não pretende prejudicar Clinton

Donald Trump deu este domingo a sua primeira entrevista depois de ter sido eleito Presidente dos EUA. Recuou com a certeza de querer investigar Hillary Clinton porque ela é "boa pessoa" e diz que não vai aceitar salário.

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Na entrevista, Donald Trump elogiou ainda Barack Obama AFP/JIM WATSON

Donald Trump não vai receber o salário anual de 400 mil dólares de Presidente dos EUA. Pelo menos foi isso que disse este domingo, em entrevista ao programa 60 minutes, transmitido pela CBS News. Quanto muito, diz Trump, se for obrigado a aceitar alguma coisa, será o valor simbólico de um dólar por ano.

Já o anterior registo dos seus impostos permanece desconhecido. “A seu tempo eu irei disponibilizar os registos. Mas actualmente estou sob uma auditoria e ninguém se importa”, vinculou o Presidente eleito, repetindo o discurso da campanha eleitoral, onde afirmou durante um debate contra Hillary Clinton que não entregar os impostos o tornava “esperto”.

Na mesma entrevista, Trump surpreendeu ao dizer que está a reconsiderar a ideia de nomear um procurador especial para investigar Hillary Clinton, porque não a quer “prejudicar”, nem ao marido, Bill Clinton. “Vou pensar nisso. Não quero prejudicá-los” até porque "são boas pessoas", embora Hillary tenha feito "coisas muito más".

“Quero concentrar-me nos empregos, nos cuidados de saúde, quero concentrar-me na fronteira e na imigração, e fazer um projecto de lei sobre imigração que seja realmente bom. Queremos ter uma boa lei de imigração”, disse.

Questionado sobre se iria pressionar o afastamento do director do FBI, James Comey, que a 11 dias das eleições anunciou novas investigações a Clinton, fechadas dois dias antes da votação sem qualquer elemento incriminatório, Donald Trump diz que “gostaria de falar com ele primeiro antes de responder a qualquer questão”, cita a Quartz.

Depois do seu encontro na passada quinta-feira na Casa Branca, Trump diz que Obama é “fantástico, muito inteligente, muito simpático e com um grande sentido de humor”. O novo Presidente dos Estados Unidos comentou também a fotografia que se tornou viral depois do encontro que marcou o início do processo de transição. Uma imagem que, segundo Trump, mostra o seu lado sóbrio e “o seu respeito pelo Presidente [Obama]”, que durante anos criticou. “Nunca o tinha conhecido, mas tivemos uma grande química. Não quer dizer que eu concorde com ele, mas achei a conversa inacreditavelmente interessante”, considerou.

E que tipo de Presidente irá ser Trump? Um “com boas maneiras”, responde. No entanto ressalva: “dependerá da situação”. “Às vezes temos de ser mais rudes”, avisou, sublinhando que em determinadas situações “precisamos de uma certa retórica para manter as pessoas motivadas”.

Confrontado com as afirmações que fez ao longo da campanha sobre as eleições serem manipuladas, Trump, que as venceu com menos votos que a adversária Hillary Clinton diz que não irá mudar de opinião só porque ganhou.

Antes da entrevista, o excerto publicado pelo canal televisivo já tinha dado a conhecer as intenções de Trump em expulsar dois a três milhões de imigrantes "imediatamente" e de nomear juízes contra o aborto e pró-armas para o Tribunal Federal. 

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