Eagles of Death Metal negam ter tentado ver Sting no Bataclan

Polémica na reabertura da sala onde morreram 90 pessoas: Jesse Hughes diz que só queria ver o espaço, mas gestor da sala, a quem o manager da banda chama "cobarde", contrapõe que lhe barrou a entrada.

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Hughes esteve também nas homenagens noutras zonas de Paris Gonzalo Fuentes/REUTERS

No dia em que passa um ano sobre os atentados de Paris, o Bataclan, onde o maior número de vítimas perdeu a vida na primeira parte do concerto dos Eagles of Death Metal às mãos de terroristas armados, está fechado. Esta manhã, o vocalista do grupo esteve na rua do Bataclan com o Presidente francês François Hollande durante a cerimónia de homenagem às vítimas. Mas negou ter tentado entrar no concerto de Sting na noite de sábado, do qual o co-director da Bataclan, Jules Frutos, disse tê-lo barrado.

“Não queria ver o concerto, queria simplesmente ver a sala aberta”, disse Jesse Hughes, o vocalista dos Eagles of Death Metal, aos jornalistas neste domingo em Paris. “Nunca tentei entrar no concerto”, reiterou, citado pela AFP, que sábado ouvira Jules Frutos dizer o contrário. A revista Billboard, por sua vez, falou com Marc Pollack, o manager da banda californiana, que disse também que o frontman “nunca tentou entrar na sala para o concerto de Sting”.

Jesse Hughes disse meses depois dos atentados, aos quais sobreviveu depois de ter conseguido escapar do palco com o resto da sua banda, que considerava que o ataque poderia ter tido ajuda de parte da segurança da sala, acusação que depois retirou. Disse ainda ter visto, na noite dos atentados, “muçulmanos a festejar”. Depois disso, dois festivais franceses retiraram os Eagles of Death Metal do seu cartaz e as relações com os gestores do Bataclan, onde a banda tinha declarado querer ser a primeira a actuar após a reabertura, tornaram-se tensas.

Jules Frutos, o anfitrião de uma noite de reabertura de homenagem e alguma tristeza, mas também de regresso à música, garante ter barrado a entrada de Hughes, de outro membro dos Eagles of Death Metal e do seu manager. Marc Pollack respondeu-lhe na revista americana. “Este cobarde, Jules Frutos, tem a necessidade de conspurcar a reabertura da sua própria sala espalhando histórias falsas na imprensa e manchando o que teria sido uma bela oportunidade de espalhar paz e amor. Jesse nunca tentou entrar na sala para o concerto de Sting." A Hollywood Reporter escreveu, a partir do local, onde Hughes esteve a falar com fãs, que as medidas de segurança que rodearam o concerto eram tão duras que seria difícil entrar no recinto sem bilhete.

"Jesse, que também é uma vítima, talvez tenha sentido necessidade de entrar no Bataclan, mas não era o momento certo", disse Caroline Langlade, presidente da associação de vítimas de Life for Paris, que pediu que os franceses acendam esta noite uma vela à janela em memória dos 130 mortos dos atentados. "Os tempos e os desejos de cada nem sempre coincidem", reflectiu à AFP.

Já na manhã deste domingo, o Presidente francês François Hollande e a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, visitaram cada um dos locais dos ataques, descerrando placas que assinalam a memória daqueles que ali perderam a vida, nomeadamente no Stade de France, onde morreu a primeira vítima dos atentados, o português Manuel Dias. O périplo de tributo terminou no Bataclan, na presença de sobreviventes e de alguns membros dos Eagles of Death Metal. Hughes, citado pela AFP, disse no local: “Estou eternamente agradecido ao povo francês”, que “reagiu da melhor maneira possível a este acto vil e medonho”.

Horas antes, Marc Pollack tinha frisado que o momento não está centrado no vocalista nem na banda. “Jesse está em Paris para partilhar com os amigos, família e fãs a memória dos acontecimentos trágicos de há um ano”. 

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