Há garrafas a vogar no mar e lá dentro estão convites da Confraria do Bacalhau

Associação ilhavense quer dar “um abraço ao mar e ao mundo” e, para isso, colocou uma mensagem dentro de 38 garrafas de vidro, que estão a ser largadas no oceano Atlântico

Foto
miguel Manso

Por estes dias, algures ao largo da Terra Nova, no Canadá, estão a ser lançadas ao mar um total de 38 garrafas de vidro, com uma mensagem no seu interior: “Ao mar e ao mundo, um simbólico e fraterno abraço da Confraria do Bacalhau”. O escrito, que aparece também em inglês, é acompanhado de uma imagem com a carta náutica do oceano Atlântico, com a rota traçada desde os grandes bancos pesqueiros da Terra Nova até à costa portuguesa – mais concretamente até ao porto de Aveiro, de onde ainda partem vários navios bacalhoeiros. Quem encontrar uma destas garrafas é desafiado a contactar a confraria que se dedica a promover o “fiel amigo” e terá um lugar especial à mesa num dos próximos eventos gastronómicos da instituição – no seu capítulo gastronómico anual ou no Festival do Bacalhau, que decorre, anualmente, em Agosto, no município de Ílhavo.

Estas garrafas, com as respectivas mensagens no seu interior, seguiram para a Terra Nova a bordo do navio Pascoal Atlântico, que conta na sua tripulação com um confrade da Confraria do Bacalhau. “Aproveitámos essa circunstância de ter o nosso companheiro José Pequeno na equipa de oficiais de um navio bacalhoeiro para cumprir esse objectivo de abraçar o mar e o mundo”, introduz João da Madalena, grão-mestre da confraria ilhavense.

Cada uma das garrafas está devidamente numerada – um número ao qual corresponde cada um dos 38 elementos da confraria –, de forma a cumprir um duplo propósito: além de estar a ser registado, na carta náutica, o ponto onde cada uma delas é lançada, também se consegue associar cada garrafa que vier a ser encontrada a um confrade. “As pessoas que vierem a encontrar estas mensagens e que aceitem o nosso convite vão ser ‘apadrinhadas’ pelo confrade a que corresponder o número da garrafa que encontraram”, explica o grão-mestre.

E onde poderão vir a ser encontradas estas 38 garrafas? “É imprevisível, mas atendendo às correntes daquela zona, podem ir para a Terra Nova, Inglaterra, Islândia, Noruega ou até mesmo para Portugal”, perspectiva José Paulo Vieira da Silva, confrade e antigo oficial da pesca do bacalhau, conhecedor daqueles mares e bancos de pesca. “Nem que apareça só uma pessoa a contactar-nos, para nós já seria fantástico”, destaca, por seu turno, João da Madalena, ao mesmo tempo que diz estar ciente que “há uma distância grande” a separar o local onde as garrafas estão a ser lançadas e o município onde a confraria está sediada (Ílhavo).

Ainda não queira criar expectativas em relação a eventuais destinatários desta message in a bottle, o responsável máximo da Confraria do Bacalhau não esconde que seria interessante que uma das garrafas fosse encontrada por alguém da Terra Nova, “ilha com a qual temos tantos laços históricos”, ou “também da Islândia”. “Seria um reforçar dos laços que já existem”, avalia João da Madalena. 

Sugerir correcção
Comentar