Um estónio e um português encontram-se no Web Summit…

Bem que podia começar assim uma anedota. Mas a verdade é que tenho pouco jeito. Permitam-me contar-vos antes o meu dia de ontem em que acompanhei, em Lisboa, o vice-Presidente da Comissão Europeia responsável pelo Mercado Único Digital, o estónio Andrus Ansip, e o Comissário responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, o português Carlos Moedas, nas suas conversas e interações com os mais de 50 mil empreendedores, inovadores, políticos e investidores que se reúnem no maior evento de empreendedorismo e de tecnologia da Europa.

É, mesmo assim, divertido porque nada nos alegra mais do que sentir tal energia contagiante e onde simples conversas produzem ideias de negócio e parcerias. Sentir o dinamismo das pessoas que criam e que mudam o nosso mundo. Estas pessoas dão corpo a um objetivo muito importante da Comissão Europeia: uma União Europeia mais digital e sustentável, interligada, mais competitiva, e também inclusiva.

As novas tecnologias trazem consigo novas oportunidades, mas também grandes desafios. A estratégia do Mercado Único Digital tenta-lhes responder de forma abrangente e é uma das prioridades da Comissão Juncker. Visa derrubar barreiras que limitam o crescimento das empresas e que as impedem de tirar partido de todo o potencial do mercado único. Aposta também em harmonizar e modernizar a regulamentação de setores como o comércio eletrónico, as telecomunicações, os media audiovisuais, a cibersegurança e os direitos de propriedade intelectual.

Só criando um espaço único digital, com uma regulamentação mais simples e eficiente, se consegue promover a inovação baseada no conhecimento, um importante combustível para a economia e para a digitalização da indústria e dos serviços. Estas medidas permitem às empresas e aos inovadores portugueses crescer e operar, pelo menos, em todo o Mercado Único com os seus 500 milhões de clientes potenciais, promovendo também mais emprego, e emprego mais qualificado.

A Comissão Europeia apoia o empreendedorismo por várias vias. Por exemplo, para que as start-up possam «sair da garagem» é necessário apostar em ideias arriscadas que têm mais dificuldade ter apoio. Aí entra o Horizonte 2020, sob a alçada do Comissário Moedas, que oferece tutoria e financiamento a projetos inovadores para que estes possam dar os primeiros passos e chegar aos mercados. Mas a Comissão faz muito mais. Poderia listar uma série de medidas com o objetivo de estimular o investimento na Europa, mas destaco o fundo pan-europeu de fundos de capital de risco para atrair grandes investidores institucionais.

O ecossistema das start-ups na Europa é ainda recente e não temos um Silicon Valley, mas vários hubs. Portugal está a tornar-se num desses centros importantes de empreendedorismo e Lisboa é já chamada a nova capital europeia das start-ups. E não é só Lisboa, mas também centros tecnológicos como as Universidades de Aveiro, do Porto e do Minho que desempenham um papel fundamental, ligando a investigação e o conhecimento com a indústria e as empresas.

Portugal bate a média europeia no Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade e foi o segundo país que mais evoluiu no último ano. Contribuiu para este excelente resultado, por exemplo, a ampla cobertura da rede de fibra ótica e o pioneirismo na digitalização e simplificação dos serviços públicos. Portugal está de facto a criar um ecossistema muito propício ao empreendedorismo.

E é neste ambiente de efervescência do empreendedorismo tecnológico, na nossa Lisboa dinâmica e aberta, que o estónio e o português entram, representando toda a diversidade da União Europeia que prova, assim, que sabe fazer. Porque o digital não é para amanhã, é já para hoje.

Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal

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