Para Joseph Gordon-Levitt, não é possível não estar online, nem sozinho

O Edward Snowden ficcional, o actor-criança que ficou sem trabalho depois de uma pausa para a universidade, defendeu em Lisboa uma cultura colaborativa na Internet.

Fotogaleria
Joseph Gordon-Levitt criou o HitRecord Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
O actor de 35 anos entrou quase despercebido na sala de imprensa da Web Summit. Nuno Ferreira Santos

O actor que já foi Edward Snowden no filme de Oliver Stone criou um projecto focado no potencial das novas tecnologias, no lado solar da Internet e dos novos media – mas o HitRecord de Joseph Gordon-Levitt nasceu de um problema na sua carreira nos media tradicionais. Surgiu “num momento em que a minha carreira não estava a correr assim tão bem”, disse esta terça-feira numa conferência de imprensa em Lisboa, no âmbito da Web Summit.

“Trabalhei como actor desde miúdo e abandonei a actividade por um tempo para ir para a universidade e quando quis voltar não conseguia papéis. E isso é horrível, porque enquanto actor queremos expressar-nos e temos de esperar que outra pessoa nos dê um papel. Nesse momento percebi que tinha de tomar a responsabilidade do meu próprio canal criativo nas minhas mãos”.

O seu projecto foi “uma frase que encapsulou uma ideia” que evoluiu para dez anos de trabalho e projectos com retorno financeiro para pessoas inscritas oriundas de mais de cem países. HitRECord é a sua rede online colaborativa na área da música, audiovisual, letras ou qualquer outra área criativa.

Depois de ter sido um dos principais oradores do dia inagural do evento, a par do primeiro-ministro António Costa, o actor de 35 anos entrou quase despercebido na sala de imprensa da Web Summit. Veio para responder a 15 minutos de perguntas, todas de jornalistas estrangeiros interessados no seu projecto – ou seja, em Joseph Gordon-Levitt, o empreendedor, e não Joseph Gordon-Levitt, o actor da série 3.º Calhau a Contar do Sol ou de Snowden, de Oliver Stone.

Sobre o paisagem actual dos media, o actor de 35 anos explicou então que o seu projecto nasce de um desencontro entre os media tradicionais, o cinema e a televisão, e a sua vida, vontade e possibilidades. E depois teceu considerações sobre o que se vê de Hollywood, mas também do púlpito do empreendedorismo. Levitt prefere falar de community sourcing em vez de crowdsourcing, porque fala de comunidades e não de uma multidão ou grupo mais amorfo, explicou.

Questionado sobre se actualmente é possível, e se alguém se pode permitir não estar online - em todos os sentidos, mas sobretudo no negocial -, Levitt respondeu um taxativo e rápido: "não" sorridente.

As novas tecnologias, neste caso do aqui e do agora, a Internet, vão “sempre influenciar enormemente a comunicação” humana, reflectiu indo à Antiguidade Clássica ou à imprensa de Guttenberg em busca de exemplos. Mas “somos a primeira geração com Internet” e estamos ainda “a tratá-la como se fosse a televisão ou os jornais, porque é para isso que os nossos cérebros” estão formatados, defendeu, aproveitando para referir como o seu projecto HitRECord pode ser “um pequeno passo” na mudança na forma como encaramos os modos de produção do que comunicamos e traficamos online.

Esta terça-feira, dia que amanhece para eleger um novo Presidente nos seus EUA natais, estreou no HitRECord uma webseries de animação intitulada USAi: sobre uma figura de inteligência artificial na corrida à presidência. “Queríamos todos os cinco episódios online no dia das eleições”, disse o actor, franzino e sorridente, aos jornalistas que lhe perguntavam sobre falhanços e erros, esse terreno tão conhecido das start- ups.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários