Solução para gestores da Caixa será sempre “humilhante”, avisa Marques Mendes

Nota do Presidente “é um xeque-mate a António Domingues e aos gestores da CGD”, considera o comentador.

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PAULO PIMENTA

Todo o caso da Caixa Geral de Depósitos é uma “grande trapalhada” e poucos sairão bem dele - foi o aviso deixado este domingo por Luís Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC. O antigo líder do PSD diz mesmo que a partir daqui qualquer desfecho será sempre “humilhante” para António Domingues e para a sua equipa.

Por isso, se estivesse no seu lugar ou o aconselhasse, o que Marques Mendes diria a António Domingues é simples: “Amanhã mesmo, segunda-feira, apresentava ele e a equipa, voluntariamente, a declaração ao Tribunal Constitucional.”

“Porque teve uma oportunidade e não vai ter outra tão boa. É um apelo do Presidente da República, não é de um cidadão qualquer”, avisou Mendes referindo-se à nota divulgada por Marcelo Rebelo de Sousa na sexta-feira em que disse que no seu entender a administração da Caixa está obrigada à entrega da declaração de rendimentos e património no TC. Uma nota que foi um “xeque-mate a António Domingues e aos gestores da CGD”. “E responder ao apelo do Presidente é um acto de dignidade e de humildade”, reiterou, até porque, acrescentou, “as alternativas são um desastre”.

Se a administração, que já deixou passar o prazo legal há quase uma semana, se limitar agora a perguntar ao TC o que deve fazer e os juízes decidirem que deve entregar, “será uma humilhação para António Domingues”.

Se o TC disser que o diploma do Governo recentemente aprovado em Conselho de Ministros os isenta da entrega, o Parlamento, com as propostas que já tem de vários partidos para clarificar a obrigação de entrega, “faz uma nova legislação e os administradores são humilhados pela Assembleia da República”.

E se não quiserem fazer nada disto e cumprirem com a ameaça de que se demitem se tiverem que revelar as informações ao TC ou se o Ministério Público tiver que actuar, então é também um “disparate e uma humilhação”, no entender de Marques Mendes porque é uma situação “má para a Caixa e para a carreira de cada um” porque serão conhecidos por terem tratado dos seus interesses e não do interesse geral.

Falta António Costa dizer "a minha interpretação é esta"

O Governo também já sai muito chamuscado do caso: depois de Mário Centeno e Mourinho Félix terem dado a mão à administração e acabado, de certa forma, desautorizados por António Costa, agora é o próprio primeiro-ministro que não é suficientemente assertivo – apesar de ter sido ajudado pelo Presidente. Marques Mendes aproveitou para lançar uma farpa a Costa dizendo que o chefe do Governo “podia perfeitamente ter sido mais claro quando falou na interpretação do Presidente e na do Tribunal. Faltou-lhe dizer ‘a minha é esta’.”

Daí que o comentador e antigo líder social-democrata considere que o caso está transformado “num embaraço e incómodo para toda a gente – país, CGD, primeiro-ministro, Presidente da República” e que a administração conseguiu virar quase toda a gente contra ela. Já “ninguém tem paciência para isto”, acrescenta, lembrando que Domingues “já conseguiu o que queria: a equipa que queria, o salário que queria, a recapitalização que queria”. Marques Mendes questiona-se por que é que Domingues não explica a razão para não querer apresentar as declarações. “Não devia esticar mais a corda, devia ter humildade”, aconselhou.

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