Rita Pereira faz publicidade gratuita à Cabify (ou talvez não)

Para além de um corpo de sonho a Rita não tem mais nada, ou não teria perdido uma óptima oportunidade para estar calada

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Rita Pereira, a única actriz portuguesa literalmente com um olho no burro e outro no cigano, voltou a fazer das suas, desta vez incendiando as redes sociais através de um post na sua página do Facebook onde relata como o serviço Cabify apenas levou seis minutos para chegar a casa da sua mãe, a qual precisava de ir ao hospital por se ter magoado em casa. De acordo com Rita Pereira, a mãe foi levada por “um motorista super querido que lhe abriu a porta, ofereceu uma água, colocou a estação de rádio que ela quis e o ac à temperatura desejada. Top!!!”.

Ora, Rita, se isto não é um anúncio, eu sinceramente não sei o que é. E, está claro, a Cabify não demorou a aproveitar a onda e daí tirar os respectivos dividendos, prontamente agradecendo à Rita no seguimento das centenas de comentários ao seu “post“.

Infelizmente, para além de um corpo de sonho e uma conta bancária recheada (e pudessem as mulheres portuguesas passar o dia no ginásio sem ter de trabalhar ou levantar às 5h40 e, estou certo, seríamos um país de modelos e actrizes de novela), pouco ou mais nada tem no que respeita a consciência social ou conhecimento de causa sobre a realidade das plataformas online e de que modo as mesmas ameaçam os direitos e garantias dos trabalhadores, caso contrário não terminaria o seu ”post“ a pedir mais ”Cabifys“ na zona de Cascais (que bem, sei lá). Porque a Rita não sabe que o seu motorista ”super querido“ não só não tem carteira profissional como conduz nas horas vagas. De igual modo, tivesse o motorista tido um acidente a caminho do hospital e não haveria seguro para valer à sua mãe. Mais, o motorista não tem contrato de trabalho, subsídio de alimentação, férias ou subsídio de doença, trabalhando ”por conta própria” a um preço mais reduzido. E se hoje trabalha a um preço mais reduzido, quando não existirem mais táxis a circular na via pública a Uber e a Cabify vão ter rédea solta para praticar os preços que muito bem entenderem.

Porque a Rita é uma figura pública e tudo quanto diz tem o devido impacto na vida de milhares de pessoas, sendo de lamentar a falta de conhecimento de causa de quem pretende atravessar uma batalha incólume, sem mortos ou feridos, quando quem vai à guerra, lá diz o ditado, dá e leva.

Texto alterado às 16h00 do dia 4 de Novembro de 2016. 

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