Novas ameaças ao património em debate na Gulbenkian

Conferência internacional Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres decorre quinta e sexta-feira em Lisboa. Aumento de visitantes, vandalismo e terrorismo juntam-se às catástrofes naturais na lista de riscos.

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Em Amatrice, há um ano, os danos ao património foram significativos ALBERTO PIZZOLI/AFP

As novas ameaças ao património cultural, como o aumento de visitantes, vandalismo e terrorismo, vão ser tema de debate numa conferência internacional que começa quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, sobre prevenção e resposta a emergências nesta área.

A conferência internacional Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres decorrerá na quinta e na sexta-feira e uma das organizadoras, Isabel Raposo Magalhães, do Museu Nacional dos Coches disse à Lusa que "o grande crescimento do turismo em Portugal e, consequentemente, dos visitantes de museus, palácios e outros espaços culturais, levam ao aumento dos riscos de acidentes com as peças de arte e também de vandalismo”. Estes riscos juntam-se aos mais antigos e conhecidos como os sismos, as inundações e os incêndios.

Por outro lado, os ataques terroristas em grandes cidades com património importante, não apenas no Oriente, mas também na Europa, "têm levado ao encerramento de museus e a maiores receios de destruição de obras de arte". A nível mundial, os especialistas estão preocupados com "a urbanização galopante, e o alastrar de guerras e conflitos pelo mundo, com a destruição de património, e o tráfico de obras de arte", alertou ainda Isabel Raposo Magalhães. Sobre a situação em Portugal, Isabel Raposo Magalhães disse que "há maior consciência do problema, mas há uma grande necessidade de apostar na prevenção, trabalhar com as organizações envolvidas em rede, e de incluir a sociedade civil". Esse trabalho em rede é feito pelos organismos culturais, pela Protecção Civil e pelos serviços de emergência, organismos internacionais e universidades.

A conferência marca o cinquentenário da inundação de Florença, em Itália, e acontece no ano em que, no mesmo país, a cidade histórica de Amatrice teve o seu património cultural severamente afectado por um sismo que provocou uma imensa devastação e mais de 200 mortos.

O encontro - que conta com o apoio institucional da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) - reúne, na comissão organizadora, além de Isabel Raposo de Magalhães, Rui Xavier, da Gulbenkian, Isabel Saraiva, da Fundação Oriente, e Xavier Romão e Esmeralda Paupério, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Entre os oradores estão Lina Kutiefan, directora-geral das Antiguidades e Monumentos da Síria, que irá falar sobre O Património Cultural da Síria durante a crise. Também são esperados Corine Wegener, do Instituto Smithsonian, que tutela um conjunto de museus nos Estados Unidos, e que falará sobre o programa desta entidade aplicado na resposta aos desastres, e João Seabra Gomes, da Direcção-Geral do Património Cultural, que abordará a Estratégia para a segurança preventiva em palácios e museus.

Os grandes sismos de Lisboa e Angra do Heroísmo - recorda a organização -, os incêndios dos Palácios de Queluz e da Ajuda, da Igreja de S. Domingos ou do Teatro D. Maria II, ou as inundações de 1967, que provocaram graves danos às colecções do Museu Gulbenkian, são alguns dos exemplos históricos de danos ao património em Portugal causados por catástrofes naturais.

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