Um padre, um vampiro e anjo entram num bar…

Horror e comédia: Preacher, uma das séries do Verão americano, chega a Portugal com Seth Rogen e Sam Caitlin, de Breaking Bad, como produtores.

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Podia ser o início da pior anedota de sempre, mas é candidata a uma das mais faladas e elogiadas séries do ano. Preacher, chega agora a Portugal depois de ter feito o Verão do canal AMC. Dia 1 de Novembro, às 22h10, estreia-se um drama centrado no reverendo Jesse Custer (Dominic Cooper), um ex-criminoso possuído por uma força que lhe dá o poder de mandar e ser obedecido. O resto da série acompanha-o com loucura e ironia. “Preacher é a prova de quão longe a televisão chegou” nos temas que explora e nos riscos que corre, diz ao PÚBLICO o produtor executivo Sam Caitlin, cujo currículo não é estranho ao risco – foi guionista e produtor de Breaking Bad.

Adaptada a partir do comic de Garth Ennis (que também tratou de Punisher durante nove anos na Marvel) e Steve Dillon para a Vertigo, reúne de forma saudável e rara os espectadores e os críticos na sua avaliação – bem positiva. O tom é próprio, o universo periclitante, as personagens tão variadas quanto um vampiro Cassidy, anjos, demonios, exnamoradas ou um jovem, Eugene, cuja malformação no rosto lhe mereceu a alcunha de Arseface (qualquer coisa como Cara de Cu). A religião atravessa toda a intriga. Com o respectivo nível de risco, embora Caitlin explique que esse não é o foco – “Claro que ele é um pregador e procura Deus. É uma alegoria. A história é sobre quem se é no início da jornada e quem se é no final”.

As tentativas para adaptar Preacher têm décadas e até o realizador Sam Mendes esteve associado, sem sucesso, ao projecto. Num mundo em que há séries para todos os nichos, “o público está hoje muito mais sofisticado” e isso tem a ver com a oferta e com “tantas formas de ver televisão que existem agora. Isto nunca teria acontecido há 20 anos”, diz sobre como esta é a altura certa para esta série (e outras do género).

O tom da série é esencial para o seu sucesso, especialmente no que toca ao humor e ao sarcasmo. “É uma grande parte do comic e queríamos que também fosse parte da série. O grande desafio é ter tanta violencia e drama e parecer engraçado. Isso é Preacher.” São dez episódios e vem mais uma temporada a caminho. “A produção começa no final de Janeiro”, diz Caitlin, sem revelar onde serão as filmagens.

Os nomes de Seth Rogen e do seu parceiro de escrita Evan Goldberg fazem parte do pedigree essencial da série. São outros dois fãs que tentaram, desta vez com sucesso a todos os níveis, adaptar Preacher ao ecrã. O humor faz parte das suas carreiras, apadrinhadas pelo realizador e produtor Judd Apatow e enroladas nos meandros da política internacional desde que, no Natal de 2014, o filme The Interview, em que se brincava com o líder da Coreia do Norte, gerou uma crise internacional. Por isso mesmo, perante o desafio de adaptar uma obra com fãs acérrimos, Rogen não se preocupou com “nerds zangados” com algumas mudanças que fez na série em relação ao livro. “O meu barómetro de controvérsia reajustou-se”, disse ao Guardian. “A não ser que um líder mundial peça a minha cabeça, não é grande coisa”.

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