PSD vai ter um novo movimento de reflexão

Chama-se Portugal Não Pode Esperar e arranca hoje à noite, durante um jantar, em Lisboa. Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, é um dos rostos do movimento

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Pedro Rodrigues com Manuela Ferreira Leite, cuja comissão política nacional integrou PP PAULO PIMENTA / PUBLICO

Ainda ontem, no Conselho Nacional do PSD, no Hotel Sana, em Lisboa, Pedro Passos Coelho dizia que será candidato a primeiro-ministro. Quem tiver um caminho diferente que apareça, desafiou o ex-primeiro-ministro, como conta hoje o PÚBLICO

Passos Coelho sabe não tem adversários internos que se assumam como candidatos ao seu lugar de líder do PSD, mas isso não impede que haja movimentações de militantes descontentes com o partido. É nesse contexto que nasce este quinta-feira o movimento Portugal Não Pode Esperar, dinamizado por cinco dezenas de pessoas de várias idades e regiões do país, entre autarcas, dirigentes nacionais, deputados e ex-deputados, antigos governantes e membros da JSD. O nascimento foi noticiado em primeira mão pela última edição da revista Visão, mas há mais de três meses que andava na forja.

“Não podemos assistir ao sufoco fiscal que o Orçamento para 2017 propõe sem reagir apresentando alternativas”, lê-se num comunicado enviado às redacções, dando conta da primeira reunião da comissão executiva do grupo esta quinta-feira, dia 27, num jantar. “Procuraremos assumidamente contribuir para suscitar e desenvolver a discussão política no nosso partido com o propósito de fortalecer o PSD e recolocar-nos como o partido liderante no panorama político nacional.”

Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD e ex-deputado, é um do rostos do Movimento Portugal Não Pode Esperar. Ao PÚBLICO, o social-democrata explica que este será um movimento “intergeracional, transversal e com representatividade regional, porque o PSD não pode ser só Lisboa”.

Quanto à matriz e à substância, é claro: “Recentrar o PSD, voltar a ter um discurso para a classe média”. É uma crítica? “Não, é uma constatação. É, se quiser, um alerta e uma tomada de posição”, esclarece, acrescentando que, o PSD precisa de voltar a falar com o seu eleitorado porque “o PS está em processo de radicalização em curso e há sectores da sociedade que esperam que o PSD apresente alternativas”.

No governo de Pedro Passos Coelho, Pedro Rodrigues foi chefe de gabinete do ministro Miguel Poiares Maduro, mas demitiu-se para concorrer à liderança do PSD-Lisboa, contra Miguel Pinto Luz, o candidato da direção nacional.

Apesar de o movimento surgir numa altura em que Passos Coelho deixou claro que pretende ser candidato a primeiro-ministro, Pedro Rodrigues assume que a intenção do grupo é “discutir políticas e não pessoas”. A ideia da plataforma de reflexão Portugal Não Pode Esperar não foi apresentada ao líder do partido. “Nem sentimos que temos de o fazer. O PSD é um partido extraordinariamente plural. Apresentaremos propostas, isso sim, e alternativas”.

A partir de Novembro, o movimento agora criado vai organizar eventos mensais como conferências, debates, workshops sobre a situação do país, privilegiando como áreas de reflexão: a reforma do Estado,  a reforma do sistema político, o crescimento económico e a competitividade, a educação e a investigação. Até Setembro do próximo ano, serão organizadas três conferências e em Outubro de 2017 será publicado um livro com a síntese das principais ideias defendidas pelo grupo.

Quem está por detrás do movimento?

Pedro Rodrigues, 37 anos
Advogado de profissão, foi líder da JSD eleito em 2007. Nas legislativas de 2009, chegou ao Parlamento nas listas de Braga. Em 2013 demitiu-se de chefe de gabinete de Poiares Maduro para concorrer à liderança do PSD-Lisboa contra Miguel Pinto Luz. Perdeu.

André Pardal, 34 anos
Em 2015 deixou o seu lugar de deputado para de dedicar à advocacia. Antes, tinha passado pela Associação Académica da Universidade de Lisboa e pela vice-presidência da JSD. Foi adjunto do secretário de Estado da Juventude no Governo de Pedro Passos Coelho.

Miguel Corte-Real, 31 anos
Foi presidente da JSD-Porto e conselheiro nacional do PSD. É sócio e administrador de empresas do setor tecnológico.

Rubina Bernardo, 33 anos
Economista e deputada é militante na Madeira. Entre 2012 e 2015, foi conselheira adjunta de Assuntos Económicos e Imprensa na Embaixada da Alemanha em Lisboa.

Paulo Leitão, 37 anos
Paulo Leitão é engenheiro civil e vereador da Câmara de Coimbra. Também preside ao PSD local.

Joaquim Biancard Cruz, 37 anos
É vereador na Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço desde 2013 e conselheiro nacional do partido. Antigo membro da Comissão Política Nacional de Manuela Ferreira Leite, foi eurodeputado.

João Pedro Gomes, 42 anos
Foi assessor no governo de Durão Barroso e está ligado ao Conservatório Privado de Música de Lisboa e de Mafra. É investigador na Business School da Universidade Nova de Lisboa, na área da Economia da Saúde.

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