DBRS defende veículo para crédito malparado em Portugal

Agência de notação está preocupada com os elevados níveis de crédito vencido na banca portuguesa

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Medidas como a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos ajudam a dar mais confiança ao sector, diz DBRS Rui Gaudêncio

A agência de notação financeira DBRS está preocupada com os elevados níveis de crédito vencido na banca portuguesa, defendendo que um veículo para o malparado poderia ajudar a acelerar a limpeza dos balanços dos bancos destes activos problemáticos.

“São necessárias reformas legislativas adicionais para acelerar a limpeza dos balanços dos bancos para facilitar a gestão dos activos problemáticos”, defende a DBRS, acrescentando que “a criação de um veículo para o crédito malparado pode ajudar a acelerar a limpeza dos balanços dos bancos”.

No entanto, a DBRS considera que, sob alçada da directiva europeia de recuperação e resolução bancária" (BRRD, na sigla em inglês), “há uma flexibilidade limitada para usar fundos públicos” para resolver problemas de litigância no sector bancários, e admite que os bancos “não estão suficientemente capitalizados” para limpar os seus balanços destes activos problemáticos.

A agência considera que estes são os dois “grandes desafios” que a banca em Portugal enfrenta, bem como a falta de confiança dos investidores no sector.

Embora considere que as acções recentes tomadas pelo Governo, como a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos ou o acordo alcançado com o Fundo de Resolução, “estão a criar alguma clareza e podem melhorar a confiança no sector”, a DBRS sublinha que ainda há questões a minar a banca.

“Um dos problemas que está a inibir os investidores de recuperar a confiança no sector bancário é a venda do Novo Banco”, admite a agência de ‘rating’, elogiando o acordo alcançado com o Fundo de Resolução para prolongar a maturidade dos empréstimos do Estado ao Fundo e garantir que as contribuições da banca para o Fundo permaneçam nos níveis atuais.

Para a DBRS, este acordo “retira a necessidade de os bancos portugueses assumirem qualquer custo extra se o Novo Banco for vendido por um valor abaixo do capital injetado em 2014”, uma vez que, antes disso, “a grande preocupação dos investidores estava no facto de alguma perda potencial poder vir a ser assumida pelo Fundo de Resolução inicialmente e, em última analise, pelos bancos portugueses”.

Nesse sentido, sublinha, “o sucesso da venda do Novo Banco permanece um passo importante para impulsionar a confiança no sector”.

Por outro lado, e também para “reduzir as preocupações dos investidores”, os bancos portugueses devem aumentar os seus níveis de capital, o que “poderia ajudar a acelerar a limpeza dos balanços”, defende a agência, lembrando que a maioria dos bancos portugueses está “focada em fazê-lo”.

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