Chineses vão ter posição minoritária e indirecta na EGF

Empresa controlada pelo Estado chinês vai ser accionista minoritária da Suma, a dona da EGF, que é controlada pela Mota-Engil.

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A Valorsul é um dos principais activos da EGF João Henriques/PÚBLICO

A sociedade chinesa Firion Investments vai comprar a Urbaser, a sociedade espanhola que tem 38,5% da Suma, empresa controlada pela Mota-Engil. Foi a Suma que em 2014 venceu a privatização da EGF – Empresa Geral do Fomento, por 150 milhões de euros.

A Firion é controlada pela empresa pública China Energy Conservation and Environmental Protection Group (CECEP), que assim passará a ter uma posição indirecta no capital da antiga holding pública de tratamento de resíduos.

É a primeira vez que há investidores chineses nesta área de negócio em Portugal, ainda que seja de forma indirecta, e por via de uma posição minoritária, uma vez que a parceria entre a Mota-Engil e a Urbaser na Suma - existente desde 1992 - se mantém nos mesmos moldes. Ou seja, o controlo da sociedade - que além de Portugal tem actividades em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Omã, Polónia, Brasil e China (Macau) - mantém-se no grupo Mota-Engil.

De acordo com o anúncio da notificação publicado nesta quarta-feira pela Autoridade da Concorrência (AdC), nem a Firion, nem a CECEP, uma empresa "diretamente financiada pelo Governo central chinês", desenvolvem qualquer actividade em Portugal. A AdC nota que a Firion Investments é “especializada na conservação de energia, redução das emissões e na protecção ambiental, dedicando-se à promoção da poupança energética, de tecnologias ecológicas e da modernização industrial”.

Quanto à Urbaser, controlada pelo grupo de construção espanhol ACS, é a empresa líder na actividade de recolha e tratamento de resíduos no mercado espanhol e actua também noutros sectores, como a água e a produção de energia. Segundo os dados mais recentes disponibilizados no seu site, a Urbaser registou um volume de negócios de 1652 milhões de euros em 2014.

A empresa foi posta à venda no ano passado para permitir à ACS reduzir uma dívida que, em Setembro, rondava os 2600 milhões de euros, segundo o jornal espanhol Cinco Dias. O preço de venda desta unidade de negócio aos chineses deverá render à ACS perto de 1399 milhões de euros, escreve ainda o jornal especializado em informação económica.

Com a compra da Urbaser, a Firion consegue o acesso indirecto ao mercado português,  mas não uma posição de controlo, pelo que tudo indica que o foco estratégico da operação é o mercado espanhol e o know how da Urbaser, que diz prestar serviços a 50 milhões de pessoas, em quatro continentes, e empregar 28 mil pessoas especializadas.

Segundo a imprensa espanhola, entre outros grupos chineses que estiveram na corrida pela empresa contam-se a Fosun (dona da Tranquilidade e com perspectivas de vir a entrar no capital do BCP) e a Beijing Enterprises Holding, que chegou a ser dada como concorrente à privatização da EGF.

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