“A resposta à praxe não pode ser a punição”

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Devia haver mais sintonia entre universidades e autarquias, defende Elísio Estanque Adriano Miranda

O sociólogo Elísio Estanque, autor de um novo livro sobre a praxe académica, que vai ser apresentado nesta quarta-feira, em Coimbra, considera que combater com repressão a violência nestas actividades pode não ser a via mais eficaz.

Neste ano houve um número maior de instituições de ensino superior a apresentar programas alternativos à praxe. Como vê estas iniciativas?
À partida, bem. A resposta à praxe não pode ser a punição. As instituições poderiam e deveriam investir mais em modalidades de recepção aos novos alunos oferecendo-lhes oportunidade de aceder ao conhecimento, estimular a curiosidade, mostrar o potencial de património e de cultura que têm à sua frente na universidade e também nas cidades. Devia haver mais sintonia [entre universidades e autarquias] e sentido estratégico para contribuir de uma forma mais activa e construtiva para a dinamização das cidades. Mas a dinamização não pode ser confundida com consumo desbragado de cerveja e outros líquidos mais ou menos etílicos, que respondem também a interesses comerciais.

Que corresponde à ideia de mercantilização que referia.
Exacto. Às vezes, esses poderosos interesses das marcas e dos patrocinadores acabam por ter uma força tal que contribui para atenuar ou apagar o que poderia ser uma intervenção mais reguladora por parte das autoridades das universidades e autarquias. Essas iniciativas [de acolhimento] foram mais evidentes do que no passado, também porque o actual ministro tem uma postura mais….

Declarada contra a praxe.
Pois. Não sei se dizer isso explicitamente é positivo ou não.

Pode causar mais resistências?
Pode.

E alternativas que partem dos estudantes? Têm eficácia?
Podem vir a ganhar relevância no futuro se houver um maior esforço de aproximação às estruturas formais do associativismo estudantil e vice-versa.

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