Portugal é um "país com demasiada pobreza", diz Vieira da Silva

No âmbito da celebração do dia internacional para a Erradicação da Pobreza, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social diz que é preciso priorizar objectivos no combate à pobreza.

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Vieira da Silva assinala data com vídeo nas redes sociais Nuno Ferreira Santos

Portugal é um "país com demasiada pobreza", considera o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Numa mensagem divulgada nesta segunda-feira, para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, José Vieira da Silva diz que se trata de uma situação que "é urgente" mudar, sendo a "maior prioridade" o combate à pobreza infantil.

O governante defende que “erradicar a pobreza tem de ser a ambição maior da nossa sociedade, tem de ser a ambição maior das nossas gerações". Na mesma mensagem, acrescenta que "a pobreza muitas vezes quer dizer guerra", "refugiados", "idosos abandonados" e "crianças sem apoio", "quase sempre quer dizer desemprego" e "tantas vezes quer dizer desigualdade".

O ministro identifica alguns objectivos prioritários no combate à pobreza, sendo os mais urgentes a pobreza infantil, o abandono e o insucesso escolar, e ao nível da saúde "assegurar que todas as crianças têm o apoio médico necessário".

Vieira da Silva salienta ainda que "o caminho" para combater as dificuldades, que atingem as famílias mais pobres com crianças mais jovens, até aos três anos, passa por reforçar o apoio garantindo, por exemplo, o direito à educação pré-escolar e reforçando, já em 2017, o abono de família. É preciso “mobilizar toda a sociedade para que erradicar a pobreza não seja apenas mais uma bela utopia", salienta.

A erradicação da pobreza e da fome faz parte dos objectivos gerais do plano de desenvolvimento do milénio estabelecido pelas Nações Unidas entre 2000 e 2015 e que envolveu os países-membros desenvolvidos e os que se considera estarem ainda em desenvolvimento.

Objectivos esse que em 2016, com a crise dos refugiados, faz sentido rever. Para Ban Ki-Moon, o ainda secretário-geral das Nações Unidas, a “pobreza não é simplesmente medida por rendimento inadequado. É manifestada pelo acesso restrito a saúde, educação e outros bens essenciais e, muitas vezes, pela negação e abuso de outros direitos humanos fundamentais”, lê-se no site da organização.

A pobreza e a fome são o resultado de um conjunto de factores relacionados que afectam a vida de muitas pessoas em diferentes níveis.

Segundo um estudo divulgado em Setembro pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, chamado Portugal Desigual, o número de pobres aumentou, entre 2009 e 2014, em 116 mil (para 2,02 milhões), com um quarto das crianças e 10,7% dos trabalhadores a viverem abaixo do limiar da pobreza (6,3% em privação material severa).

Hoje, um em cada cinco portugueses vive com um rendimento mensal abaixo de 422 euros, adianta o estudo, segundo o qual os rendimentos dos portugueses tiveram uma quebra de 12% (116 euros por mês) naquele período.

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi assinalado pela primeira vez em 1992 pelas Nações Unidas e procura alertar para as situações de pobreza que assolam diversas regiões do mundo.

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