Quando a fotografia é um segredo sobre um segredo

Fotogaleria

"A fotografia é um segredo sobre um segredo. Quanto mais te diz, menos ficas a saber". A espanhola Lucía Fernández Muñiz usa a frase de Diane Arbus (1923/1971) como se fosse sua. "Fotografo como se contasse histórias de miúdas, coisas que me aconteceram a mim — ou coisas que me podiam ter acontecido. Pego em coisas doces e ingénuas e transformo-as em mini-histórias. Por isso gosto de guardar segredos", conta ao P3 a fotógrafa e realizadora que odiava o Instagram antes de amar o Instagram (culpa de @isabelitavirtual que lhe mostrou o caminho para a conta de @palomaparrot, outra secreta contadora de histórias). A "app" acabou por ser uma "porta aberta" para a criatividade, que em Espanha tinha rédea curta. "Foi fundamental para um momento de crise enorme. Facilmente comecei a trabalhar para o Japão e para o EUA. O mercado espanhol é pequeno e algo tradicionalista, não muito criativo". No seu imaginário cor-de-rosa ("Sou 'cursi', 'girly' e algo Barbie. Já o escondi e não o escondo mais") há miúdas que passam todas as tardes de Abril no terraço do sétimo piso à espera de alguém ("O Grande Amor da Minha Vida"), há Lucía e a irmã vestidas exactamente de igual, há uma miúda pacientemente — e eternamente — à espera de um "date" com o homem invisível. "Acontecem-me muitas coisas, acontece-me de tudo. São uma espécie de jogos tontos, mas as fotografias têm um pouco de mim". Filha de uma pintora, Lucía, que estudou Desenho em Leeds e Belas Artes em Cuenca, já foi directora de arte nas espanholas Vanidad e Elle, já trabalhou em publicidade, já fez televisão (no Canal 4), já fez mil retratos estilizados (Liam Gallagher, Carolina Herrera, Eduardo Noriega, Álex de la Iglesia, Romy Madley...) e respira moda. "Mas na moda não há humor", suspira @luciafernandezmuniz responsável pela rubrica "The Eye of The Iger", na Elle. "Sou uma sonhadora e tenho muitos sonhos na cabeça. A realidade aborrece-me".