Afinal, o Universo terá dez vezes mais galáxias do que se pensava

São dois biliões (milhões de milhões) mas só conseguimos observar cerca de 10%, segundo novas estimativas de uma equipa internacional astrónomos.

Foto
Daqui a 3000 milhões de anos a nossa galáxia, a Via Láctea, vai encontrar-se com Andrómeda e formar uma outra galáxia AFP/VVV consortium/D. Minniti

Afinal, o Universo terá cerca dois biliões (milhões de milhões) de galáxias, ou seja, dez vezes mais do que se pensava até agora, conclui um estudo de uma equipa internacional de astrónomos publicado esta quinta-feira. Nos últimos anos, os astrónomos pensavam que o Universo continha entre 100 bilhões e 200 bilhões de galáxias.

A equipa de Christopher Conselice, da Universidade de Nottingham (Reino Unido), trabalhou com os dados obtidos pelo telescópio espacial Hubble, desenvolvido pela NASA com a Agência Espacial Europeia, e por outros telescópios. Com estas informações, os cientistas construíram cuidadosamente imagens em 3D e extrapolaram o número de galáxias presentes em diferentes momentos da história do Universo. Quanto mais longe estão as galáxias, mais fraca é a luz que emitem e que chega até nós. Os telescópios que usamos actualmente permitem estudar apenas cerca de 10% das galáxias.

“É espantoso pensar que 90% das galáxias do cosmos ainda têm de ser estudas”, afirma Christopher Conselice. “Quem sabe o que vamos descobrir quando pudermos começar a estudar estas galáxias graças à nova geração de telescópios”, interroga-se o cientista num comunicado divulgado após a publicação do estudo na revista Astrophysical Journal.

Para os cálculos, a equipa de astrónomos utilizou métodos estatísticos e apoiou-se no conhecimento que temos do Universo mais próximo para prever o que se passará mais longe. “O estudo é muito interessante, embora possamos ter algumas reservas sobre o número preciso de galáxias”, comenta François Hammer, astrónomo do Observatório de Paris e especialista na formação de galáxias, em declarações à agência AFP.

“Christopher Conselice fez o melhor que conseguimos fazer nesta altura. Mas o resultado não pode ser considerado a palavra final”, disse o astrofísico. “É um trabalho que não poderá ser confirmado até que tenhamos telescópios gigantes que nos permitam ver muito melhor nestas regiões distantes”, refere ainda François Hammer.

O Telescópio Europeu Extremamente Grande E-ELT (European Extremely Large Telescope) está prestes a começar a ser construído no Chile pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, organização intergovernamental europeia a que pertence Portugal). O seu espelho primário terá um diâmetro de 39 metros. O telescópio deverá começar a funcionar “em 2024/2025”, precisou François Hammer, responsável científico do seu espectrógrafo multi-objecto (MOS). Este instrumento vai permitir observar  galáxias extremamente distantes.

Os Estados Unidos também pretendem construir, no Havai, o Thirty Meter Telescope (TMT), que terá um espelho segmentado de 30 metros.

O estudo agora publicado reforça um cenário que está “na moda”  e que defende que as galáxias se formam quando se fundem umas com as outras, observa  ainda François Hammer. “No início, há muitas galáxias pequenas e, em seguida, fundem-se, tornando-se cada vez maiores”, refere o cientista, acrescentando: “Dentro de 3000 a 4000 milhões de anos, a nossa galáxia, a Via Láctea, vai encontrar-se com Andrómeda e formar uma outra galáxia.”

Sugerir correcção
Ler 3 comentários