Um taxista, uma virgem e um polícia entram num bar

A verdade é que por mais que a polícia torne difícil, devido à sua forma de actuar, que se fique do seu lado quando há manifestações, os taxistas tornam isso praticamente impossível

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Rafael Marchante/Reuters

Portugal não é um país onde a maioria da população consiga estar do lado da polícia quando há manifestações. A norma é acontecerem sempre casos polémicos por excesso de zelo, quando não por violência, da parte dos agentes policiais. Já assistimos a situações semelhantes com os estivadores, nas manifestações contra a tourada ou mesmo contra o Governo.

Muitas vezes, a imagem que passa é de que há manifestantes que provocam os confrontos, o que às vezes equivale à verdade e outras não. Desta vez foi flagrante com a manifestação dos taxistas, onde o mínimo que vimos foi um carro da Uber a ser visivelmente atacado, em plena luz do dia e à frente da polícia de choque da PSP, mas o que não vimos foi uma intervenção policial eficaz e cumpridora.

A Rotunda do Relógio continuou cortada, os insultos e as provocações continuaram e não houve uma intervenção que protegesse os inocentes da multidão enfurecida. Assim, os taxistas levaram a sua intenção até ao fim, chegando inclusivamente ao ponto de perseguir um condutor da Uber até à porta de uma bomba de gasolina, onde o ameaçaram claramente e o impediram de sair.

A verdade é que por mais que a polícia torne difícil, devido à sua forma de actuar, que se fique do seu lado quando há manifestações, os taxistas tornam isso praticamente impossível. É uma classe profissional pouco apreciada, seja pela condução agressiva, pelos insultos gratuitos, por pararem no meio da via sem sinalização ou por situações como a desta semana. Generalizo, porque obviamente não serão todos assim, mas, como condutor, peão e ciclista tem sido esta a minha experiência.

A má imagem dos taxistas agrava-se a cada dia que passa e as atitudes de gangue apenas pioram a sua imagem junto do público. Mesmo quando debitam pérolas como "as leis são como as meninas virgens, são para ser violadas" já nem chega a ser chocante. Não depois de todo o historial, é só mais um episódio de mediocridade chauvinista, misantropa e medieval a que já nos habituaram.

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