Iémen: Dois mísseis disparados contra navio de guerra norte-americano

Estados Unidos têm vindo a ser pressionados para deixar de vender armas à Arábia Saudita, que lidera a coligação árabe que tenta travar o avanço dos rebeldes fiéis ao anterior presidente.

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Uma foto de arquivo do USS Mason AFP/MASS COMMUNICATIONS SPECIALIST 3

Dois mísseis foram disparados contra um navio de guerra norte-americano, ao largo da costa do Iémen, este domingo, mas falharam o alvo, tendo atingido a água em vez dos barcos, segundo um porta-voz do Pentágono, citado pela CNN.

Os mísseis foram disparados contra o USS Mason a partir de território controlado pelos rebeldes xiitas. O navio de guerra estava em águas internacionais, a mais de 12 milhas náuticas da costa, no extremo sul do Mar Vermelho, a norte de Bab-el-Mandeb, e os misseis foram disparados com um intervalo de 60 minutos.

“Os mísseis foram lançados a partir de território controlo pelos huthis no Iémen. Os Estados Unidos continuam empenhados em garantir a liberdade de navegação em todo o mundo e vamos tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos nossos navios”, declarou um oficial norte-americano à CNN.

Washington tem apoiado a intervenção da coligação árabe, liderada pela Arábia Saudita, contra os rebeldes huthi.

Desde Março de 2015 que o Iémen enfrenta uma guerra civil, que já matou milhares de pessoas, a maioria civis. De um lado estão os houthis que lutam contra as forças leais ao presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, que está actualmente exilado em Riad. Desde que foi eleito, em 2012, que Abd Hadi foi alvo da pressão dos rebeldes huthis que lutam ao lado das tropas leais ao anterior presidente, Ali Abdullah Saleh, que tenta regressar ao poder. Por detrás deste conflito estão assim a Arábia Saudita sunita, que apoia o presidente Hadi, e o Irão xiita, que alegadamente apoia os rebeldes.

Os meses de negociações conduzidas pela ONU e a intervenção da coligação árabe não conseguiram travar o conflito. E no sábado os Estados Unidos afirmaram estar a reavaliar o seu apoio à coligação árabe após um ataque aéreo em Sanaa, a capital do país, que matou pelo menos 155 pessoas e cuja autoria foi imputada à coligação árabe.

Calcula-se que este conflito já matou mais de 10.000 iemenitas e atirou milhões para um cenário de devastação e fome. Desde que as negociações de paz no Kuwait falharam em Agosto que a coligação árabe intensificou os ataques, atingindo muitas vezes alvos civis.

Os Estados Unidos estão sob crescente pressão para parar de vender armas à Arábia Saudita, com os críticos do acordo militar aprovado pela administração Obama a dizerem temer que os EUA sejam arrastados para a guerra no Iémen e contribuam para o agravamento da crise humanitária que se vive no país.

Além das baixas civis, a Unicef calcula que mais de dez mil crianças com menos de cinco anos tenham morrido desde que o conflito começou devido a doenças que seriam evitáveis num cenário de paz. A Unicef conta ainda cerca de 1,5 milhões de crianças desnutridas no Iémen, das quais 370 mil sofrerão de desnutrição grave. A infraestrutura económica do Iémen também não escapou à devastação generalizada, contabilizando-se 430 fábricas e empresas destruídas pelos ataques aéreos. 

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