Islamistas moderados voltam a vencer eleições em Marrocos

O PJD terá agora de encontrar parceiros de coligação que apoiem o seu Governo.

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Uma mulher passa por um mural onde estão desenhados os símbolos de alguns dos partidos marroquinos Fadel Senna / AFP

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD) foi o mais votado nas eleições de sexta-feira em Marrocos e irá continuar a liderar a coligação governamental.

Os islamistas do PJD conseguiram obter 125 lugares no Parlamento, enquanto os liberais do Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM) ficaram com 102, de acordo com a Reuters, que cita os dados do Ministério do Interior revelados este sábado. As duas formações mais representativas conseguem, desta forma, melhores resultados face às eleições de 2011. O Partido da Independência (Istiqlal) ficou no terceiro lugar com 31 deputados eleitos.

Apesar da vitória, o PJD terá agora de procurar entendimentos para conseguir formar Governo. Segundo a Constituição marroquina, cabe ao rei Mohammed VI escolher o primeiro-ministro, que deve vir do partido mais votado.

“O PJD mostrou hoje que ser sério e verdadeiro (…) e fiel às instituições, especialmente à monarquia. É uma fórmula vencedora”, disse o líder do partido e actual primeiro-ministro, Abdelilah Benkirane. O partido denunciou tentativas de fraude por parte de funcionários do Ministério do Interior que terão tentado favorecer o PAM.

O ministro do Interior, Mohammed Hassad, recusou as acusações do PJD, um partido que, diz, "continua a duvidar da vontade constante de todas componentes da nação". Os observadores do Conselho da Europa concluíram que as eleições decorreram de forma "integra e totalmente transparente".

Não se antecipam negociações fáceis para que o PJD consiga formar uma coligação. O PAM – formação fundada por um antigo conselheiro do rei – vai continuar a liderar a oposição, obrigando o PJD a voltar a recorrer a formações mais pequenas para garantir apoio parlamentar ao seu Governo. O Istiqlal era um dos parceiros de coligação do PJD, mas em 2013 retirou o apoio ao Executivo, em protesto contra as reformas económicas e é incerto se poderá voltar a integrar uma coligação.

O porta-voz do PAM, Khalid Adnoun, garantiu que não irá apoiar o PJD. “Esperávamos [conseguir] mais lugares, mas o nosso projecto modernista teve um bom resultado apesar de todos os ataques”, disse Adnoun.

A participação eleitoral ficou-se pelos 43%, demonstrando a pouca mobilização dos marroquinos, descontentes com a performance do Governo e da classe política em geral.

Estas foram as segundas eleições legislativas desde que a nova Constituição entrou em vigor, com o objectivo de democratizar o sistema político. Porém, o poder executivo mantém-se concentrado nas mãos de Mohammed VI – que retém a supervisão sobre a política externa, por exemplo.

 

 

 

 

 

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