Assis diz que é uma “indignidade” o PS não apresentar candidatura ao Porto

Eurodeputado alude à “indisponibilidade de princípio [manifestada por Rui Moreira] para a celebração de qualquer compromisso com os partidos políticos” para defender uma candidatura dos socialistas.

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Francisco Assis também é crítico, desde a primeira hora, da actual solução governativa asm ADRIANO MIRANDA

O eurodeputado socialista, Francisco Assis, diz que o “PS cometerá uma indignidade”, se optar  por não apresentar uma candidatura própria à Câmara do Porto nas eleições do próximo, alternativa a Rui Moreira. “O PS tem um projecto e um programa para cidade, tem personalidades capazes de liderarem uma candidatura à Câmara do Porto e, por isso, não vejo como seja possível não ter um candidato”, afirma o eurodeputado.

Em total ruptura com a estratégia definida quer pela concelhia quer pela distrital, que defendem um entendimento pré-eleitoral para 2017 com o movimento independente de Rui Moreira, Assis considera que, depois da “indisponibilidade de princípio para a celebração de qualquer compromisso com os partidos políticos” manifestada pelo autarca, o “PS só tem um caminho digno: apresentar uma candidatura". "Nós temos o nosso espaço político, nós não nos diluímos [no acordo que o PS fez com Rui Moreira], a diluição seria anedótica”, afirma.

Na coluna que mantém à quinta-feira no PÚBLICO, o eurodeputado escreve que “Rui Moreira, ao manifestar, como o fez inequivocamente esta semana numa entrevista à TSF, uma indisponibilidade de princípio para a celebração de qualquer compromisso com os partidos políticos, inviabilizou a solução arquitectada no interior do PS-Porto”. “A concelhia tem de retirar consequências da posição do presidente da câmara e tem de se empenhar numa candidatura. O PS tem obrigação absoluta de se apresentar a eleições”, defende, sublinhando que a decisão tomada há dias pela concelhia - no sentido de mandatar o seu presidente para iniciar conversações com vista à renovação desse acordo - teria agora um carácter pré-eleitoral. “Um acordo dessa natureza teria necessariamente de conter uma dimensão programática e uma nítida definição da distribuição das responsabilidades políticas. Ora, para que assim sucedesse, teria de haver uma negociação séria e transparente da qual resultasse um compromisso público a submeter ao sufrágio dos cidadãos portuenses”, escreve.

Também crítico, desde a primeira hora, da solução encontrada por António Costa para viabilizar o Governo do PS, Assis também critica a posição das estruturas do PS no Porto, acerca das autárquicas. Não se mostra “surpreendido” com a posição de Rui Moreira relativamente à preservação da independência do seu autárquico e reafirma que “é preciso retirar ilações sem dramatismos nenhuns”. “Não concebo outra coisa que não seja o PS disputar a presidência da Câmara do Porto. Não o fazer seria um gesto de indignidade que eu nem sequer concebo”, conclui.

Mário de Almeida, um histórico socialista, coloca-se ao lado da distrital, a cuja mesa preside, para dizer que o partido aprovou um documento de orientação que “abre a possibilidade de o PS vir a apoiar a recandidatura de Rui Moreira”. Questionado sobre a posição assumida por Assis, Mário de Almeida responde: ”O PS sempre se caracterizou por ser um partido plural”.

 A concelhia, ao aprovar há dias, por unanimidade e aclamação, o apoio ao autarca independente, desistiu de apresentar uma candidatura ao Porto.Tiago Barbosa Ribeiro, líder concelhio, está agora mandatado para iniciar conversações com vista à renovação do acordo político. Só que desta vez este teria um caracter pré-eleitoral.

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