Polícia recupera das mãos da camorra dois Van Gogh roubados

Catorze anos depois as pinturas roubadas do Museu Van Gogh foram encontradas numa operação contra a máfia de Nápoles.

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O director do Museu Van Gogh entre as obras recuperadas
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Uma imagem antiga disponibilizada pelo Museu Van Gogh Museu Van Gogh

A polícia italiana revelou esta sexta-feira ter recuperado das mãos da máfia de Nápoles dois Van Gogh roubados do famoso museu de Amesterdão dedicado ao pintor holandês em 2002. 

Segundo o jornal La Reppublica, tratam-se das pinturas Marinha de Scheveningen e Congregação Deixando a Igreja Reformada em Nuenen, pintadas no início da carreira de Van Gogh, entre 1882 e 1884, respectivamente.  As obras foram encontradas escondidas numa casa ligada ao grupo de Raffaele Imperiale, um chefe do narcotráfico internacional da Camorra, a máfia napolitana, em Castellammare di Stabia. Estavam na posse dos Amato-Pagano, um dos grupos mais perigosos da região de Nápoles.

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O grupo de Imperiale dedicava-se, além do tráfico de droga, a operações imobiliárias e a negócios nos Emiratos Árabes Unidos. Imperiale fugiu para o Dubai, onde criou um império com a construção de mansões para milionários, após ter sido detido em Janeiro passado com o ex-sócio Mario Cerrone, que terá depois começado a colaborar com os investigadores.

Antes de serem roubadas, quando se percorria a exposição permanente do Museu Van Gogh, a primeira obra que o visitante encontrava era Marinha de Scheveningen, pois as salas do museu estão organizadas numa sequência cronológica. Congregação Deixando a Igreja Reformada em Nuenen era o terceiro quadro dessa montagem.

Ambos os quadros pertencem ao primeiro período da pintura de Van Gogh, quando ainda vivia na Holanda, e apesar de já mostrarem alguns traços característicos do pintor, não fazem ainda parte da sua fase mais madura e conhecida.

“É um grande dia para nós, por vermos os quadros e sabermos que estão a salvo e em boas mãos. Vamos ter de ser pacientes, mas esperamos tê-los rapidamente de novo no lugar a que pertencem”, disse Axel Ruger, director do Museu Van Gogh, que esteve presente na conferência de imprensa em que os quadros foram apresentados à comunicação social.

Em 2002 - o mesmo ano em que as jóias da coroa portuguesa foram roubadas do Museon de Haia -, os ladrões usaram uma escada para subir ao telhado do museu e entraram no edifício. Escaparam descendo por uma corda. Dois homens foram apanhados e presos durante cerca de quatro anos, mas as pinturas permaneceram escondidas até hoje. O FBI considerou-o um dos "10 melhores roubos de arte de sempre". Ainda não se sabe quando os quadros vão regressar ao museu.

“Quando as encontrámos finalmente, nem acreditávamos nos nossos olhos”, disse um membro da Procuradoria de Nápoles, citado pelo jornal italiano.

O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, em Jerusalém nas cerimónias fúnebres de Shimon Peres, comemorou pelo Twitter o acontecimento. "Obrigado à Guardia di Finanza pelo resgate das obras de Van Gogh. Orgulhoso das nossas forças da ordem", escreveu.

Num comunicado publicado hoje no site, o Museu Van Gogh diz que “as pinturas roubadas foram recuperadas numa grande e continua investigação do Ministério Público italiano, conduzida pela equipa especializada da Guardia di Finanza, que investigava o crime organizado”.

O museu acrescenta que um conservador já reconheceu a autenticidade dos quadros. As pinturas de pequena dimensão, encontradas sem molduras, estão num bom estado de conservação, diz também a instituição holandesa, que, segundo o director, já tinha perdido a esperança de encontrar as obras de arte.

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