Centenário Lusitano Clube despejado em Alfama para dar lugar a apartamentos de luxo

Edifício foi vendido e clube terá de sair até Janeiro. Recebeu indemnização mas dificilmente ficará em Alfama. A sua sede dará lugar a apartamentos de luxo.

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Lusitano Clube

O centenário Lusitano Clube vai ter de abandonar até Janeiro o local onde está instalado desde a sua fundação, em 1905, no bairro de Alfama, Lisboa, já que o edifício foi vendido para ser transformado em apartamentos de luxo.

“Fomos obrigados a sair porque o edifício foi vendido a uma empresa estrangeira para apartamentos de luxo”, disse à Lusa Pedro Aboim, da direcção do Clube Lusitano, que está situado no número 81 da Rua São João da Praça, confirmando assim a notícia avançada pelo jornal online O Corvo.

O responsável explicou que há um ano foi feita uma renegociação da renda, tendo sido assinado um novo contrato para cinco anos. Mas, entretanto, o edifício foi vendido e a saída foi negociada com o novo senhorio, tendo o Lusitano Clube – que se apresenta como um espaço criado para “promover a cultura e a aproximação das pessoas do bairro” - acordado deixar o imóvel recebendo uma indemnização.

“Queremos continuar o Clube noutro local, mas não sabemos se poderá ser em Alfama”, referiu Pedro Aboim, acrescentando que a direcção fez pedidos de reunião à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e à Câmara Municipal de Lisboa (CML).

“A Junta de Freguesia diz que não tem espaços disponíveis para nós e da CML não tivemos resposta aos nossos pedidos”, disse o responsável.

Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, confirmou que “a junta não tem a mínima capacidade de poder atribuir espaços a ninguém”.

Expressando “solidariedade total” com o Lusitano Clube, o autarca salientou que “só a CML pode resolver o assunto”.

Não podemos ficar com responsabilidade num problema que não podemos resolver”, disse, acrescentando que a junta não tem sequer espaços “para as pessoas que são expulsas do bairro por causa do alojamento local”.

Segundo Miguel Coelho, este “é um problema recorrente no bairro, sobretudo de residentes que recebem ordem para sair, para que os proprietários possam fazer obras no prédio”.

“A junta aconselha as pessoas a que não saiam e peçam apoio jurídico”, afirmou.

A Lusa contactou o município, mas não obteve uma resposta.

 

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