Vhils com Ana Moura e carrinhos de choque? É no Iminente.

Num espaço com intervenções e obras de Vhils, Bordalo II ou Wasted Rita, irão apresentar-se Linda Martini, Ana Moura, Dead Combo ou Halloween. É em Oeiras, entre sexta-feira e domingo, que artistas visuais e musicais se unem num ambiente singular de festa popular no Festival Iminente.

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Peça de Vhils José Pando Lucas
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Transporte peça de Vhils José Pando Lucas
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Vista parcial do espaço José Pando Lucas
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A carruagem de metro onde haverá várias intervenções José Pando Lucas
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Peça de Wasted Rita José Pando Lucas
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Peça de Bordalo II antes de ser colocada no recinto José Pando Lucas

Arte com Vhils, Bordalo II, ±MaisMenos± ou Wasted Rita, música com Ana Moura, Linda Martini, Dead Combo ou Halloween e também farturas, pista de carrinhos de choque e uma roda gigante, como em qualquer feira popular, mas com recriações de carácter artístico. É neste fim-de-semana, sexta-feira, sábado e domingo, no Jardim Municipal de Oeiras, com bilhetes diários a preço simbólico – dois euros – e lotação limitada a cerca de duas mil pessoas por dia. É a primeira vez do Festival Iminente, evento multidisciplinar com concertos, sessões DJ, instalações, intervenções artísticas e performance. “Uma forma de celebrar a cultura urbana e os seus novos agentes visuais e musicais”, resume assim Alexandre Farto (Vhils), o curador do acontecimento

A ideia foi criar um evento acessível, aberto a todos, num espaço público que seja interactivo, que mostre aquilo que está a acontecer neste momento na cultura urbana portuguesa, criando pontes que unam a nova geração criativa e a cultura tradicional, reinventando um pouco as festas populares. A concretização foi possível a partir da conjugação de diferentes energias, entre os produtores Adilson Lima e Guilherme Salvador, Vhils e a galeria Underdogs, a UAU na produção e a Solid Dogma na comunicação. “O facto de ter sido a Câmara de Oeiras a acolher o projecto agradou-nos, porque existe uma história de envolvimento com os graffiti”, afirma Alexandre, “tendo sido aqui que foi instaurado um dos primeiros prémios do género em Portugal, o que acabou por ser uma valorização dessa forma de expressão criativa.”

À entrada do espaço estará uma roda gigante, uma zona de alimentação e as habituais, em qualquer feira, barracas de tiro ao alvo ou de farturas. “A única diferença é que solicitámos aos artistas convidados que interagissem com esses dispositivos”, afirma Alexandre. Haverá contentores transformados em loja, com edições dos artistas presentes. Uma velha carruagem de metro resgatada para ser alvo de uma intervenção artística e uma espécie de parque de esculturas para o qual foram concebidas várias peças. Numa das laterais do jardim encontra-se uma estufa fria onde se encontram peças do artista David Oliveira, conhecido pela subtileza como cria esculturas de animais em arame.  

As frases sarcásticas de Rita Gomes, ou seja, Wasted Rita, as intervenções de Miguel Januário (±MaisMenos±) que estimulam o pensamento crítico, as instalações de grande envergadura, criadas a partir de desperdícios, de Bordalo II, as esculturas de Vhils ou as estruturas geométricas e os padrões multicolores do espanhol Okuda são outras presenças marcantes no espaço, ao lado de diferentes intervenções criadas por artistas diversos como Add Fuel, Maria Imaginário, Mário Belém, Pedrita, Akacorleone ou André da Loba.

Entre os artistas convidados estão também pioneiros dos graffiti em Portugal, como Obey, até porque, na visão de Alexandre, a sua acção foi determinante no percurso que alguns dos artistas urbanos das novas gerações vieram a seguir depois. “Abriram portas e na altura em que estiveram mais activos nem sempre tiveram o reconhecimento devido, a não ser entre pares, pelo que o seu legado deve ser enaltecido”, diz.

Na sexta-feira e no sábado, as portas abrem às 16h e encerram às duas da manhã, enquanto no domingo as actividades decorrem entre as 14h e as 20h. No campo da música haverá concertos e sessões DJ, decorrendo as últimas numa pista de carrinho de choques rearranjada para o efeito.

Sendo a cultura hip-hop uma das grandes referências de Alexandre, não poderia faltar uma série de nomes ligados à tipologia, de Sam The Kid (domingo) a DJ Glue (sexta), de Chullage (sábado) a DJ Ride (sexta-feira). Mas também existem figuras conotadas com as sonoridades dançantes luso-africanas da Grande Lisboa, como Firmeza, Marfox (sábado) ou Batida (sexta-feira), ou da pop electrónica intimista como Francis Dale (sábado) e Isaura (domingo), que se apresentarão ao vivo.

O palco onde decorrerão os concertos, situado entre o arvoredo, irá também receber o rock emocional dos Linda Martini (sexta-feira), a massa sonora tribal dos Paus (sexta-feira), o hip-hop cavernoso de Halloween (sábado), a sonoridade instrumental dos Dead Combo, a música de dança dos Thunder & Co ou o fado-canção de Ana Moura. “O critério foi escolher nomes com que me identifico e que são relevantes na música urbana actual. É uma escolha ecléctica, com algum peso em ramificações do hip-hop, mas onde cabe também a Ana Moura, que é uma cantora que consegue criar pontes entre o fado e outros géneros.”

Na génese do projecto esteve desde sempre essa ideia de provocar encontros inusitados, não só entre artistas e vendedores de farturas, por exemplo, como entre diferentes camadas de públicos. “Ficaria extremamente satisfeito se as pessoas viessem aqui ver, por exemplo, os Linda Martini e acabassem por descobrir a arte da Wasted Rita ou se surpreendessem com aquilo que o Kalaf ou o Slow J têm também para propor”, transmite Alexandre, “porque o espírito que se quer aqui implantar durante estes dias é esse: estimular o sentido de descoberta e também de celebração da arte urbana, seja ela visual ou musical”.  

 

 

 

 

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