São bonitas as canções de Edu Lobo e Marta Hugon vai cantá-las com o filho dele

Em 2015 foi Vinicius e Chico, agora ouviremos no FOLIO de Óbidos Tom Jobim por Camané e Edu Lobo por Bena Lobo e pela cantora Marta Hugon

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Marta Hugon Carlos Ramos
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Bena Lobo DR
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Edu Lobo nos anos 1970 DR

Camané ouvia Tom Jobim em miúdo, e por isso vai cantá-lo em Óbidos, no FOLIO, na noite de 1 de Outubro. Marta Hugon também ouvia música brasileira na infância e essa é uma das razões para que a ouvirmos a cantar Edu Lobo na primeira noite do Festival Literário Internacional de Óbidos. Mas não estará só. Tal como em 2015 tivemos duos, Vinicius de Moraes nas vozes de Miúcha (irmã de Chico Buarque) e Georgiana (filha de Vinicius), ou Chico Buarque cantado e tocado por Cristina Branco e Mário Laginha, também agora a música de Edu Lobo (felizmente vivo e em plena actividade) estará entregue às vozes de Marta Hugon e de Bena Lobo, filho de Edu. Com eles, na noite desta quinta-feira (na tenda Concertos, na Cerca do Castelo às 22h30), estará um trio: Pablo Lapidusas (piano), Leo Espinosa (baixo) e André Sousa Machado (bateria). O nome do espectáculo, São bonitas as canções, é retirado da canção Choro bandido, parceria de Edu Lobo com Chico Buarque (em 1985) para a peça O Corsário do Rei, de Augusto Boal.

Nascida em Lisboa, em 17 de Setembro de 1971, e conhecida pela sua ligação ao jazz, Marta Hugon conviveu bem cedo com os sons do Brasil. “Foi a música com que eu cresci. Os meus pais também ouviam Elton John, Beatles ou jazz, mas ouviam muita música brasileira. Nessa altura eu ouvia mais Chico Buarque, Caetano, João Gilberto, Milton Nascimento. Havia esse lado da interpretação, que não tinha necessariamente a ver com grandes vozes, e havia a palavra, que me fascinava nas letras das canções.” Essa atracção pela palavra poderá explicar ter seguido Línguas e literaturas modernas, na Universidade Nova, numa altura em que começou a embrenhar-se no canto. “Eu estava num coro que era o Lisboa Cantat, que ainda hoje existe, e o meu treino auditivo foi muito feito a cantar e a ouvir as vozes harmonizadas. Como havia pessoas ligadas ao jazz e à escola do Hot Clube que estavam nesse grupo, entrei depois na escola do Hot.”

Um território novo

E foi com o seu professor de combo, o pianista Filipe Melo, que ela viria a gravar o seu primeiro CD, Tender Trap (2005). Esse e os seguintes: Story Teller (2008), A Different Time (2011) e Bittersweet, lançado em 2016 e em rodagem pelos palcos. No primeiro gravou só standards de jazz, mas no meio deles estava uma canção brasileira: Falsa Baiana, de Geraldo Pereira, que fez sucesso nas vozes de João Gilberto e Gal Costa. Nos seguintes, começou a desprender-se parcialmente do jazz e em Bitterweet casou, de forma hábil, o balanço e a inspiração do jazz com a atmosfera da pop. “Quer o Filipe quer eu, estávamos dispostos a arriscar num território novo.” Todos os temas são da autoria de Marta e Filipe, excepto uma versão de Orpheus, de David Sylvian.

Edu em lado A e lado B

Agora, lançaram-lhe o desafio de cantar Edu Lobo com o filho deste, Bena Lobo, que Marta não conhecia. “Tivemos uma empatia muito fácil e aceitámos de bom grado o desafio. E para um cantor é um desafio maravilhoso: a música é incrível, as letras são incríveis, as melodias são muitas vezes difíceis mas dão muito gozo cantar.” A escolha foi feita pelos dois. “Quisemos fazer uma espécie de lado A e lado B: alguns clássicos do Edu Lobo e outras pérolas menos conhecidas e algumas surpresas. por isso vamos fazer Choro bandido, Ponteio, Cordão da saideira, Beatriz, e vamos ter também um tema que ele fez a partir de um poema do Fernando Pessoa, Meus pensamentos de mágoa. Não vou cantar em português do Brasil, vou cantar em português de Portugal.”

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