O juiz federal Sérgio Moro, que trata dos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância, aceitou a acusação contra o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro.

A denúncia, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) na semana passada, acusa Lula de liderar o esquema de corrupção que envolveu a Petrobras e a construtora OAS e que desviou dos cofres estatais 87,6 milhões de reais (quase 24 milhões de euros). “Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível… Lula era o maestro dessa grande orquestra concatenada para saquear os cofres públicos", declarou o procurador da República Deltan Dallagnol, durante uma conferência de imprensa, citado pelo jornal Folha de S.Paulo.

Lula é acusado de ter recebido 3,7 milhões de reais (cerca de um milhão de euros) em troca de contratos assinados entre a OAS e o Governo federal. Segundo a acusação, parte desse valor estará relacionado com o tríplex em Guaruja, no litoral de São Paulo (cerca de um milhão para comprar o apartamento, mais 926 mil para obras e 350 mil em equipamentos de cozinha, refere o diário).

No despacho, Moro afirmou que aceitar a denúncia não significa pronunciar um “juízo conclusivo” e assumiu que a acusação contra o ex-Presidente Lula pode "“dar azo a celeumas de toda a espécie", que devem ocorrer "fora do processo", cita o jornal O Globo.

O juiz aceitou ainda as denúncias contra a mulher de Lula, Marisa Letícia, acusada de ter ajudado a ocultar o real proprietário do tríplex, ainda que esteja por apurar se a ex-primeira-dama saberia do esquema da Petrobras.

O ex-Presidente (que responde a outro processo por acusação de obstrução à justiça) nega todas as acusações, diz que está a ser alvo de perseguição política e garante que se ficar provado que houve corrupção, ele mesmo iria “a pé para ser preso”. Caso seja condenado e a sentença for confirmada pelo Tribunal Regional Federal, Lula fica impedido de se recandidatar a um cargo público pela Lei da Ficha Limpa.