Haiti, um país em braço de ferro com a sobrevivência

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Tínhamos os olhos postos no país e o peso de um número crescente de mortes a serem confirmadas. Centenas, muitas centenas, depois muitos milhares. No Haiti, o terramoto de 12 de Janeiro de 2010 levou a vida a mais de 200 mil pessoas, feriu um milhão e meio, deixou outro tanto sem casa. Já não se falava de um país, mas das ruínas de um país. Na altura, o governo previu um quarto de século — 25 anos — para o Haiti voltar ao estado pré-desastre. Bence Bakonyi, fotógrafo húngaro, fez as malas em 2015, cinco anos depois da destruição, para ver de perto. "O que mudou neste tempo? Conseguiu o Haiti recuperar? Quanto deste país infeliz e da sua capital melhorou em meia década?", questionava-se. Como voluntário, Bakonyi — o mesmo fotógrafo que já nos mostrou o país mais populoso do mundo sem presença humana — foi para um orfanato durante um mês. Lá, percebeu a pobreza do país, a luta diária pela sobrevivência, a insegurança. Por causa desta última, muros com mais de três metros foram construídos na casa abrigo onde fez voluntariado. Por isso, "80% das fotografias tinham de ser feitas atrás da janela escura de um carro", conta o apaixonado por fotografia documental no seu site. Casas abandonadas, semi-destruídas, em ruínas. Locais onde a água está contaminada — mas onde não existem alternativas. Uma gestão de resíduos ainda inexistente e, por isso, lixo acumulado um pouco por todo o lado. Manga e carvão (para cozinhar) a serem vendidos nas ruas. Uma escola, perto de uma vila de pescadores, criada por uma organização não governamental. Nas imagens de Bence Bakonyi, agora divulgadas, vê-se um país em braço de ferro com a sobrevivência. Ainda em ruínas. Ao assinalar os seis anos do terramoto, em Janeiro, a ONU destacava os ainda penosos sacrifícios de reconstrução"Muitos haitianos continuam a enfrentar múltiplos desafios, incluindo deslocamento, insegurança alimentar e falta de acesso à água limpa e saneamento". A ajuda internacional, salientam, é ainda necessária. E urgente.