A chave do sucesso

O que está esta sociedade a ensinar-nos? A ser dissimulados. A trilhar caminhos manchados pela injustiça. A comprar “vocação, trabalho e sorte” em vez de as construir

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World Relief Spokane Follow/Flickr

Os três anos de ensino secundário são definitivamente dos melhores na vida de qualquer estudante! Entre o tempo passado em aulas e no convívio com os amigos, o pouco que resta é por alguns utilizado para se prepararem para aquilo que o destino próximo lhes reserva: uma viagem a Benalmadena.

Apesar deste “paraíso” que muitos jovens teimam em não largar, aqueles os há a quem a Responsabilidade se dá a conhecer. “Acabou... E agora?” Para os que pretendem ingressar no ensino superior, o curso a seguir é, sem dúvida, uma das decisões que exige mais ponderação. O critério decisivo é desenhado à medida de cada um. Há quem procure um curso perto de casa, das festas, da opinião pública… Também os há que, de forma sádica, procuram um futuro. “Então e o que é o curso do futuro de uma pessoa?” Eu podia dizer que se deve lutar pela área com maior segurança possível, porque acaba por se gostar dela. Podia dizer também que se deve lutar pela área que mais se gosta, porque a segurança acaba por chegar. Infelizmente, para mim, ambas as teorias estão ultrapassadas.

Por isso e após uma análise profunda ao mercado de trabalho em Portugal, revelo aquela que considero ser a “chave do sucesso”! Não se trata daqueles clichés baratos de “vocação, trabalho e sorte”. Uma pessoa deve seguir uma área sobre a qual tem mais conhecimentos! Isso passa, por exemplo, por conhecer o primo afastado do chefe de uma empresa. E isso não chega! Se a pessoa for realmente empenhada, tem de rezar para que os outros candidatos não conheçam familiares mais próximos. Vai lá longe o tempo em que a dedicação e capacidade de sacrifício de uma jovem e ávida mente eram suficientes para que todo o empregador a cobiçasse.

Actualmente, são esses mesmos diamantes em bruto que saltam de entrevista em entrevista sempre com a esperança que o lugar para o qual se estão a candidatar não esteja já mais que ocupado. Que vêem aquele ex-colega de infância vingar num mundo pelo qual tantos lutaram e que de nascença lhe pertence. Que de lágrimas nos olhos se deitam todos os dias sabendo que as poupanças que investiram e que os pais arduamente juntaram apenas alimentaram um sonho do qual teimam em acordá-los. O que está esta sociedade a ensinar-nos? A ser dissimulados. A trilhar caminhos manchados pela injustiça. A comprar “vocação, trabalho e sorte” em vez de as construir.

A ver interesses em vez de interessados. Acima de tudo, estamos a ser ensinados que aqueles que por vontade ou necessidade alguma vez procuraram seguir a Responsabilidade, talvez não tenham lugar num país em que tudo se oferece e tudo se cobra. Ainda assim, continuo a ver o verde na nossa bandeira.

Não é na escumalha do nosso país que penso quando ouço “A Portuguesa”. Penso em todos aqueles que um dia, talvez depois de mortos, serão devidamente recompensados por um brilhantismo só ao alcance de eternos incompreendidos. Termino apenas com um conselho. Querem conhecer aqueles de quem Portugal tanto se orgulha? Troquem dois dedos de conversa nas salas de espera do IEFP…

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