Metro admite que utentes estão a esperar mais tempo nas estações

Expansão da rede e redução de funcionários são as razões dos atrasos apresentadas pelo presidente da empresa, que garante ainda que das 245 escadas e tapetes rolantes, só nove não funcionam.

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Ligação da linha amarela à vermelha vai mesmo avançar ENRIC VIVES RUBIO

A expansão do Metropolitano de Lisboa e a redução de trabalhadores e de orçamento são as principais razões para o aumento do tempo de espera entre comboios, de que muitos passageiros se queixam, admitiu nesta sexta-feira o presidente da empresa.

“Se se reduziram pessoas [trabalhadores] e se se aumentou [a rede], o risco de pontualmente falharmos uma operação existe”, afirmou Tiago Farias à agência Lusa.

O administrador lembrou que, entre 2010 e 2016, o Metro “sofreu reduções em termos de capacidade de orçamento e em termos de quadros”, tendo perdido mais de 300 funcionários.

Mas, “cresceu ao mesmo tempo”, tendo-se expandido para o aeroporto e para a Reboleira.

“Essa dimensão de crescimento, com a obrigação de reduzir custos, afectou um pouco a capacidade de responder à operação”, afirmou o presidente do Metro, acrescentando que tem consciência disso e está “neste momento num processo de alargar o quadro”, estando prevista a entrada de 30 novos funcionários.

Sublinhando que ainda está a analisar quantos dos 30 novos funcionários vão para o cargo de motorista, Tiago Farias adiantou que o objectivo “é garantir a oferta que está programada”, porque “cada vez que há um comboio que não passa, não a estamos a garantir”.

Questionado sobre as permanentes avarias verificadas nas estações, Tiago Farias desvalorizou, afirmando que a situação está “muito melhor” e afirmou que, dos 100 elevadores que existem, “há zero avariados ou um”.

“Das 245 escadas e tapetes rolantes, hoje nove não estão a funcionar, duas das quais no Rato”, disse o administrador, explicando que são escadas com dezenas de anos e com “arranjos muito complexos, [por exemplo] porque a peça que avariou já não existe e está a ser feita por medida”.

O responsável do Metro afastou, também, a hipótese de alargar o horário nocturno do Metro em alguns períodos como fins-de-semana ou durante o Verão por considerar que, para isso, “é preciso a empresa estar preparada em termos operacionais, em termos de recursos humanos e em termos técnicos”.

“Acho que o Metro, neste momento, deve-se concentrar em garantir a operação do dia-a-dia com a qualidade que sempre teve e explorar isso para um caso mais pontual”, acrescentou. 

Mais 9,3% de passageiros em 2016

O Metro contrariou este ano a tendência de quebra na procura que sofreu desde 2010, tendo transportado entre Janeiro e Agosto mais 9,3% de passageiros do que no mesmo período de 2015, disse ainda o presidente da empresa.

“De Janeiro a Agosto, o Metro transportou mais 9,3% de passageiros do que no mesmo período do ano passado. É uma performance francamente boa, com bom crescimento de passageiros face ao ano anterior”, disse Tiago Farias.

Afirmando que o Metro “andou a perder passageiros de forma contínua” desde 2010, o administrador afirmou que a empresa está este ano “com um crescimento muito acentuado de passageiros”.

“Veja-se o potencial que tem como instrumento de transporte da cidade de Lisboa quando ganhar outra vez maturidade em termos da fidelidade que queremos”, acrescentou.

Questionado sobre a taxa da fraude sofrida pela empresa, o responsável disse que se situa nos 7,5% e que existem fiscais nas estações para detectar quem entra sem pagar.

Sobre os futuros investimentos do Metro, Tiago Farias sublinhou que a estratégia da tutela é avançar nos próximos anos com o reforço da rede dentro da cidade e menos para fora da cidade.

Nesse sentido, as estações do Rato (Linha Amarela) e a do Cais do Sodré (Linha Verde) vão ser ligadas, porque assim “toda a rede fica mais integrada”.

Em estudo está a expansão da Linha Vermelha, que hoje termina em São Sebastião, até Campo de Ourique.

Entretanto, para o próximo ano, estão já previstas várias obras de reabilitação, que devem arrancar no primeiro trimestre na estação dos Olivais - com uma duração prevista de 13 meses -, que “tem um problema complexo de infiltrações”.

No segundo semestre de 2017 devem arrancar, também, as obras no átrio norte do Areeiro e a reconstrução da estação de Arroios, “que é crucial”, afirmou.

Tiago Farias adiantou que a obra em Arroios irá durar 18 meses, durante os quais a estação estará fechada.

“Fizemos uma análise detalhada do impacto que isso tem, que é muito reduzido, porque há uma estação a 400 metros e outra a 350 metros. São distâncias que ficam encurtadas, porque as pessoas podem fazer diagonais”, acrescentou.

Para o presidente do Metro, a obra de Arroios é “muito importante, porque permite ter a Linha Verde com [comboios de] seis carruagens [actualmente tem três]”.

Além disso, o Metro tem um programa de revitalização de estações mais antigas, em que todas passam a ter elevadores, sendo a primeira a do Colégio Militar/Luz (Linha Azul), estando previsto que a obra se inicie a partir do segundo semestre de 2017.

 

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