Viseu: 13 curtas competem num festival renovado

Este ano no Festival Vista Curta há um país convidado (Cuba), cine-concertos e prémios monetários

Fotogaleria
Um Dia na Vida do Pastor Boaventura, de Emanuel Silva
Fotogaleria
Um Dia na Vida do Pastor Boaventura, de Emanuel Silva

Treze filmes vão competir no Vista Curta - Festival de Curtas de Viseu, que se apresenta com uma programação renovada e em quatro espaços da cidade, de 27 de Setembro a 1 de Outubro. Rodrigo Francisco, do Cine Clube de Viseu, explicou que houve necessidade de "renovar algumas rubricas da programação", incorporando novidades como um país convidado — que este ano será Cuba — e "cine-concertos".

Os primeiros três dias são dedicados às curtas-metragens em competição, que obrigatoriamente têm de ser realizadas "no distrito de Viseu, por autores de Viseu ou sobre temas e realidades transversais à região", e que concorrem a prémios monetários ("Melhor ficção" e "Melhor documentário" recebem mil euros cada).

"Não é um apoio à produção, é um estímulo", frisou Rodrigo Francisco, acrescentando que as pessoas sabem que podem contar com "uma programação organizada, que apresenta os filmes ao público". De cerca de 50 candidatos, foram selecionados 13 filmes (animação, documentário, cinema experimental e ficção), que serão mostrados no auditório do Instituto Português da Juventude.

"JORGE LE ARREGLA LA LÁMPARA A LA FLACA" from El Viaje Films on Vimeo.

O júri é constituído por Luís Brás (realizador de curtas-metragens), Judith Castillo (organizadora da Muestra Independiente de Cine Cubano de Barcelona) e Margarete Rodrigues (professora e cinéfila). Cuba é o país convidado para mostrar em Viseu filmes inéditos em sala em Portugal. "Aconteceu com alguma naturalidade este desafio de, uma vez por ano, termos um olhar sobre um país convidado, sobre uma cinematografia que fosse simultaneamente interessante e não tivesse espaço de visibilidade em Portugal", contou Rodrigo Francisco.

Serão mostradas quatro curtas-metragens e a longa "Hotel Nueva Isla", um "filme muito corajoso e interessante, rodado num hotel em ruína na capital cubana, onde um funcionário antigo acredita ainda na vida naquele espaço e não o abandona", acrescentou. Outra novidade são os dois 'cine-concertos', a apresentar nos dias 30 de setembro e 01 de outubro, na associação Carmo 81 e no Teatro Viriato, respetivamente.

"Regra não" é o nome do espetáculo a apresentar na Carmo 81 a partir da filmografia do realizador Paulo Abreu e para o qual "foi preparada uma composição musical que vai ser estreada nesse dia". Mais dedicado a família, o espetáculo "Filmes pedidos" promete surpreender aqueles que se deslocarem ao Teatro Viriato com a improvisação dos músicos. "No início da sessão músicos sobem ao palco e apresentam um cardápio de filmes que estão disponíveis para musicar", mas depois retiram-se para o público votar e "só sabem qual é o filme quando a projeção tem início", avançou Rodrigo Francisco. Com o objetivo de "absorver alguma produção muito recente de cinema português", foram integradas no Vista Curta algumas curtas-metragens que tentaram concorrer ao festival e, apesar de não preencherem os requisitos dos regulamentos, foram considerados "trabalhos interessantes e que importava mostrar".

Nesta rubrica, intitulada "Novíssimos", serão também apresentados alguns dos "filmes mais relevantes de produção recente", como a "Balada de um Batráquio", de Leonor Teles, premiado no Festival de Cinema de Berlim. "Sintoma de ausência", de Carlos Melim, "Negro carvão" de Tania Prates, e "NYC", de Paulo Abreu serão também exibidos. Além da exibição de filmes, o festival de curtas de Viseu quer também ser "um ponto de encontro com nomes importantes cimeiros da produção nacional", frisou Rodrigo Francisco.

Nesse âmbito, terá como realizador em destaque Manuel Mozos que, segundo o responsável, tem "uma obra bastante vasta" e "faz um percurso no cinema que vai do documentário à ficção" e "continua a fazer curtas ao mesmo tempo que faz longas-metragens". "Virá a Viseu apresentar os seus dois últimos trabalhos", ou seja, o documentário "João Bénard da Costa - outros amarão as coisas que eu amei" e a curta "A glória de fazer cinema em Portugal". Da programação constam ainda sessões especiais com exibição das longas "Lura", de Luís Brás, a 29 de setembro, e "Treblinka", de Sérgio Tréfaut, a 01 de outubro.

Rodrigo Francisco explicou que "Lura" é "possivelmente um dos trabalhos de longa-metragem de maior fôlego filmados nos últimos tempos em Viseu", mais concretamente em Nandufe, no concelho de Tondela, produzido com capitais próprios e com os atores Ana Padrão, Rita Martins, Pompeu José, Mia Henriques e Filipe Vargas. "A outra longa é o filme que vai encerrar o Vista Curta 2016, 'Treblinka', que venceu o IndieLisboa", onde conquistou o prémio de melhor longa-metragem portuguesa, e vai chegar às salas portuguesas de cinema em 2017, acrescentou. No que respeita a atividades paralelas, além dos 'cine-concertos', haverá uma 'masterclass' com Edgar Pêra, a 01 de outubro, e será apresentado o livro de banda desenhada "Os vampiros", do pianista e realizador Filipe Melo, com ilustrações do argentino Juan Cavia. O Vista Curta foi apoiado no âmbito do concurso municipal Viseu Terceiro, tendo recebido uma comparticipação de 13.680 euros (55% do valor total).

Sugerir correcção
Comentar