Ajuda humanitária continua sem chegar a Alepo

Segundo dia de trégua sem vítimas. Cessar-fogo vai ser renovado por mais 48 horas.

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Homem carrega bicicleta num bairro rebelde em Alepo Ameer al-Halbi / AFP

O segundo dia de trégua na Síria continuou sem mortes de civis, apesar de se terem registado cerca de 60 violações do cessar-fogo, de acordo com a Rússia. Porém, os camiões de ajuda humanitária permanecem sem chegar às populações cercadas pelas forças do regime sírio.

Um dos objectivos das primeiras 48 horas sem combates na Síria era o de assegurar o envio de ajuda humanitária para zonas cercadas, como os bairros rebeldes de Alepo, onde estão cerca de 250 mil pessoas. De acordo com a Reuters, os dois grupos de camiões que na terça-feira conseguiram sair da Turquia, mas ficaram a 40 quilómetros da cidade, por falta de garantias de segurança.

Na Turquia continuam parados outros 40 camiões com alimentos que podiam servir 40 mil pessoas durante um mês. O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, disse que os camiões estavam ainda à espera da autorização do Governo de Bashar al-Assad para poderem avançar para Alepo, onde as maiores necessidades são de combustível, farinha, trigo, leite em pó e medicamentos. Camiões com ajuda humanitária russa chegaram, porém, às populações cercadas pelos rebeldes na província de Homs, segundo a BBC.

Entretanto, a Rússia pediu aos Estados Unidos para fazerem mais para que seja cumprido o cessar-fogo na Síria, acordado durante o fim-de-semana. Segundo o Exército russo, nos últimos dois dias foram registadas cerca de 60 violações das tréguas. Mas o Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que não houve qualquer civil morto, à semelhança da véspera.

Moscovo assegura que as forças governamentais de Assad estão a cumprir o cessar-fogo negociado pela Rússia e pelos EUA. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, pediu esta quarta-feira ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que mantenha a promessa de separar os combatentes do grupo jihadista Jabhat Fatah al-Sham (antes conhecida como Frente al-Nusra, acusada de ter ligações à Al-Qaeda).

Para além da Jabhat Fatah al-Sham, o regime de tréguas na Síria não abrange o autoproclamado Estado Islâmico — os dois grupos são alvos coincidentes de Moscovo e Washington no conflito. A Força Aérea russa disse ter abatido na terça-feira 250 combatentes do Estado Islâmico a norte da cidade de Palmira.

O general do Estado-Maior do Exército russo, Viktor Poznikhir, revelou que foram registadas cerca de 60 violações nas últimas 48 horas. “Notamos também que alguns grupos armados controlados pelos Estados Unidos, entre os quais o Ahrar al-Sham, anunciaram directamente a sua intenção em não respeitar o cessar-fogo”, disse o responsável russo, citado pela agência Sputnik.

Apesar das quebras do cessar-fogo, Moscovo e Washington concordaram em estendê-lo por mais 48 horas. O acordo prevê extensões a cada dois dias durante uma semana, período a partir do qual as forças aéreas russa e norte-americana vão bombardear em conjunto posições do Estado Islâmico e da Jabhat Fatah al-Sham. Cabe a Washington assegurar que, até lá, os elementos dos grupos rebeldes moderados abandonem as posições ocupadas pelos grupos considerados radicais.

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