Desconhecido, esloveno e novo presidente da UEFA

Aleksander Ceferin recolheu 42 dos 55 votos no congresso extraordinário e vai liderar o futebol europeu nos próximos dois anos e meio.

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Aleksander Ceverin ALKIS KONSTANTINIDIS/Reuters

Até há alguns meses poucos o conheciam, mas agora tornou-se no homem mais poderoso do futebol europeu: Aleksander Ceferin foi eleito presidente da UEFA, no congresso extraordinário da organização que serviu para colocar, tanto quanto possível, um ponto final na turbulência pós-Platini. O francês, suspenso pelo comité de ética da FIFA por ter recebido em 2011 um pagamento de 1,8 milhões de euros de Joseph Blatter, então presidente do organismo que tutela o futebol mundial, foi autorizado a dirigir-se à assembleia e, em jeito de despedida, garantiu que está “de consciência tranquila”. Ceferin, no primeiro discurso, disse que a sua eleição representa um “vento de mudança” para a UEFA.

O advogado esloveno de 48 anos, que fala cinco línguas, é cinto negro de karaté e atravessou cinco vezes o deserto do Sara (quatro de carro e uma de moto) recolheu 42 votos, contra 13 do outro candidato, o holandês Michael van Praag. Presidente da Federação eslovena de futebol desde 2011, Ceferin tornou-se no sétimo dirigente a comandar a UEFA nos 62 anos de história deste organismo. “Só podemos atingir os nossos objectivos comuns com diálogo constante e trabalho de equipa”, sublinhou, prometendo conduzir a UEFA a uma era de “estabilidade, esperança, equilíbrio e amizade”.

O primeiro assunto com que Ceferin terá de lidar diz respeito às polémicas alterações no formato da Liga dos Campeões, anunciadas recentemente após acordo entre a UEFA e a associação europeia de clubes, com a atribuição de quatro lugares de acesso directo à lucrativa fase de grupos da Champions aos clubes de Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália. O compromisso foi assumido para afastar a ameaça de uma superliga europeia formada à revelia pelos emblemas mais poderosos. “Ainda não fomos devidamente informados. Temos de nos sentar com as 55 federações nacionais para ver qual foi o acordo e o que poderemos fazer no futuro relativamente a ele. Será a primeira coisa de que vou tratar”, garantiu.

Há quem aponte a Ceferin uma reputação de competência e integridade, mas também há quem mostre cepticismo quanto ao novo presidente da UEFA. A candidatura do esloveno surgiu apenas em Maio, pouco depois de uma visita do presidente da FIFA (e ex-secretário geral da UEFA) Gianni Infantino à Eslovénia, onde inaugurou as instalações do novo centro nacional de futebol. Semanas depois, a FIFA nomeou o esloveno Tomaz Vesel para o cargo de auditor independente, com a responsabilidade de analisar os rendimentos anuais da organização (que ascendem a milhares de milhões) e o salário e bónus pagos a Infantino. Para além de compatriotas, Vesel e Ceferin também são companheiros numa equipa de futebol de veteranos.

O presidente da FIFA rejeitou qualquer influência na eleição: “É um insulto à inteligência das federações nacionais e daqueles que votaram. Toda a gente viu que houve um processo democrático”, vincou.

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