Entrevista de Centeno foi "propaganda para pressionar" Portugal, diz Catarina Martins

À saída de uma audiência com António Costa para preparar a cimeira de Bratislava, a líder bloquista desvalorizou a controvérsia à volta das afirmações do ministro das Finanças.

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A deputada diz-se confiante num Orçamento do Estado que trave o empobrecimento Miguel Manso

A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu nesta terça-feira que não há nenhum dado de preocupação nas declarações do ministro das Finanças à estação de televisão norte-americana CNBC, considerando que Mário Centeno apenas respondeu a uma pergunta quando disse que Portugal fará o necessário para evitar um segundo resgate.

"Eu não sou comentadora, não comento entrevistas do senhor ministro das Finanças. Julgo que lhe fizeram uma pergunta à qual ele respondeu. Não me parece que haja nenhum dado de preocupação, não há nenhuma razão para isso", afirmou Catarina Martins aos jornalistas à saída de uma audiência, com o primeiro-ministro, de preparação da cimeira de Bratislava.

A líder bloquista enquadrou a notícia da entrevista de Centeno à CNBC no que considera ser "propaganda para pressionar" Portugal durante as negociações para o Orçamento do Estado para 2017. "O BE desvaloriza esse tipo de comunicação, esse tipo de ruído. Não há nenhum dado novo que nos diga que haja qualquer tipo de preocupação. Portanto, achamos que faz parte de um mecanismo de chantagem permanente contra as negociações do Orçamento deste país para recuperar rendimentos", disse.

"Julgo que tem existido alguma propaganda para pressionar o nosso país. Nós vemos isso de várias formas, até a maneira como a direita europeia continua a querer insistir no processo de sanções e dos fundos estruturais quando já sabe que não pode andar para a frente", começou por dizer a coordenadora bloquista.

Mário Centeno disse numa entrevista à CNBC que Portugal fará o necessário para evitar um segundo resgate financeiro. Segundo o site da CNBC, que divulga a entrevista, as declarações do ministro português foram proferidas durante o fim-de-semana, à margem do encontro dos ministros das finanças da zona euro em Bratislava. Citado pela CNBC, Centeno afirmou que o seu principal foco é relançar a economia do país para evitar um novo pedido de assistência financeira aos vizinhos da zona euro, ao Banco Central Europeu e ao Fundo Monetário Internacional (a troika). "Essa é a minha principal tarefa, o nosso compromisso em matéria orçamental e a redução da despesa pública vai precisamente nesse sentido", afirmou.

Em 2011, Portugal recebeu um resgate financeiro de 78 mil milhões de euros da troika, num processo que envolveu vários cortes nos gastos e reformas, mas que permitiu ao país sair com sucesso do programa em 2014.

Os acordos com o Governo

Catarina Martins afirmou ainda nesta terça-feira que os bloquistas estão a chegar a acordo com o Governo sobre matérias importantes, saundando o aumento dos indexantes dos apoios sociais e reiterando a defesa de recuperação das pensões.

"Em matérias tão diferentes como a energia, como a habitação, como o combate à precariedade, estamos a chegar a acordo sobre matérias importantes. E isso dá-nos alguma confiança na possibilidade de um Orçamento do Estado que responda aquilo que é o acordo que fizemos: parar o empobrecimento em Portugal, respeitar quem vive do seu trabalho", afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do Bloco saudou o descongelamento do indexante do apoio social, pela primeira vez em sete anos, uma notícia avançada pelo Jornal de Negócios. "É uma das medidas que estava inscrita no acordo, o descongelamento do indexante de apoio social. O Governo já assumiu que vai acontecer neste Orçamento, ainda bem que é assim. Estou certa que os acordos que foram feitos vão ser todos cumpridos e este é um passo importante nessa matéria", disse.

Sobre as negociações para o Orçamento do Estado, Catarina Martins reiterou que o BE "dá muita importância à recuperação das pensões, porque os pensionistas são aqueles que ainda não tiveram qualquer recuperação de rendimentos até agora com as medidas de uma nova maioria parlamentar"."Consideramos que, tendo em conta a carreira contributiva que as pessoas tiveram, as pensões baixas em Portugal, a pobreza entre idosos, para este Governo tem de ser uma prioridade a recuperação de rendimentos dos pensionistas", afirmou.

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