Reino Unido e França avançam para construção de muro em Calais

Construção é financiada pelo Governo britânico e estará concluída até ao final do ano. Objectivo é impedir acesso dos migrantes à estrada para o porto.

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Migrantes na zona norte do campo da "Selva", em Calais Charles Platiau / Reuters

O Governo britânico revelou que a construção de um muro em Calais, um projecto em parceria com o Governo francês, vai estar concluída no final do ano. Destina-se a impedir a saída de refugiados e imigrantes do Norte de França para as ilhas britânicas.

O ministro do Interior britânico, Robert Goodwill, disse que o muro de quatro metros de altura faz parte de um pacote conjunto entre os dois países de reforço da segurança no porto de Calais no valor de 20 milhões de euros. O muro irá estender-se ao longo de um quilómetro na estrada que dá acesso à zona dos ferries do Canal da Mancha e terá um custo superior a 2,2 milhões de euros, financiado pelo Governo britânico.

“A segurança que temos estado a garantir no porto vai ser aperfeiçoada com melhores equipamentos”, explicou Goodwill durante uma comissão parlamentar em que explicava no que vai consistir a “Grande Muralha de Calais”, como lhe chamou o tablóide Daily Mail. “Vamos começar a construir este novo e grande muro como parte do pacote de 17 milhões de libras que temos concretizado com os franceses.”

A construção deve começar este mês e deverá estar concluída até ao final do ano. O objectivo é impedir o acesso dos migrantes e requerentes de asilo que moram no campo denominado a “Selva” à estrada. Os camionistas que por ali passam denunciam ataques organizados pelas máfias de tráfico de seres humanos, que tentam usar os camiões para fazerem os migrantes chegar ao Reino Unido. Os condutores dizem que os habitantes do campo de migrantes estão a ficar cada vez mais agressivos e atiram pedras e outros objectos para tentarem travar os camiões.

Na segunda-feira, camionistas e habitantes locais bloquearam a estrada, em protesto contra a falta de segurança na entrada para o porto e exigiram o desmantelamento do campo de refugiados. Para além do muro, o Governo britânico diz que vai investir em espaço adicional para que os camiões possam parar em segurança.

“A estrada é tomada de assalto todas as noites pelos migrantes”, afirmou o presidente do porto de Calais, Jean-Marc Puissesseau, citado pelo jornal local La Voix du Nord. Actualmente já existem cercas com arame farpado e câmaras de vigilância, mas que vão permanecer mesmo depois da construção do muro, de acordo com a BBC.

A decisão foi recebida também com algumas críticas por parte de activistas locais. “Este muro é a mais recente extensão de quilómetros de cercas e de [aparelhos de] vigilância e segurança já construídos. Irá apenas levar as pessoas a caminharem mais para o contornarem”, disse François Guennoc, membro do grupo Albergue dos Migrantes, citado pelo The Guardian.

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