Comitiva portuguesa ambiciosa mas realista

Portugal marca presença nos Jogos Paralímpicos com 37 atletas. Ambição é grande mas o realismo dita que igualar as três medalhas de Londres seja o objectivo.

Foto
O ciclismo é uma das modalidades que irá contar com atletas paralímpicos portugueses Paulo Pimenta

São 37 os atletas portugueses que marcam presença, a partir desta quarta-feira, nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Estavam para ser apenas 28, mas a comitiva portuguesa beneficiou com a exclusão da Rússia e, assim, o número de atletas até ultrapassa aquele que se verificou há quatro anos, em Londres. No entanto, não é por isso que os objectivos da missão portuguesa mudam drasticamente. O presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP) disse mesmo que um resultado semelhante ao de Londres, em que foram conquistadas três medalhas - duas no boccia e uma no atletismo – “seria muito simpático” mas lembra que o contexto “é ainda mais exigente”.

Portugal participa em modalidades como o ciclismo, a equitação, o judo, a natação, o tiro e também no atletismo e no boccia, as duas modalidades que renderam medalhas em Londres. Na comitiva voltam a estar Lenine Cunha, medalha de bronze no salto em comprimento em Londres, e Armando Costa e José Carlos Macedo, que conseguiram a prata no boccia, na prova colectiva da categoria BC3, juntamente com Luís Silva, que desta vez fica de fora por lesão. De regresso está Luís Gonçalves, que há quatro anos estava suspenso por doping e não pôde, por isso, defender a medalha de prata nos 400 metros T12 (deficiência visual) conseguida em Pequim 2008. É, actualmente, o campeão do mundo dessa disciplina. “Vamos certamente ter boas prestações, estamos convencidos que muitos dos nossos atletas vão estar nos lugares cimeiros. Se isto vai significar pódio, gostaríamos muito, e particularmente eles muito mais. Estamos convencidos de que foi feito o melhor trabalho possível dentro do contexto que temos”, disse Humberto Santos em declarações à agência Lusa.

Sublinhando não se tratar de um “queixume” mas sim “ da constatação de um facto”, o presidente do CPP considerou que existe uma “necessidade de investimento” no desporto paralímpico, devido ao “aumento significativo do grau de exigência” nos Jogos. “Não temos conseguido acompanhar a necessidade de investimento nesta dimensão desportiva, mas é o país que temos, são as condições que temos e é com estas que temos que trabalhar”, referiu. Humberto Santos considerou, por exemplo, que a comitiva portuguesa “está a ficar envelhecida” mas destacou o aparecimento de gente nova. “Tem aparecido mais gente, mais modalidades, alguns não são novos em termos de idade, mas há caras novas a entrarem. No atletismo também há gente nova e na natação há também um estreante”, frisou. Isso é a nível de atletas. Ao nível de modalidades o Rio de Janeiro vai ser o palco da estreia portuguesa no tiro, através de Adelino Rocha e no judo, através de Miguel Vieira.

Apesar da falta de investimento, acaba por não ser tudo mau. Por exemplo, o CPP enfrentou, no último ciclo olímpico, o desafio da integração do desporto adaptado nas federações e isso está, segundo Humberto Santos, a correr melhor que o esperado. “A comunidade desportiva está a interiorizar o repto que o CPP lhes dirigiu no sentido de que quando estamos a falar da modalidade, é da modalidade para todos os praticantes, sejam eles, altos, baixos, magros, fortes, com ou sem deficiência. Independentemente das características os praticantes de modalidade devem estar na respectiva federação da modalidade”, defende.

Portugal está presente nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro com 17 atletas no atletismo, 10 no boccia, cinco na natação, dois no ciclismo e um na equitação, além dos representantes já citados no judo e no tiro. Destas modalidades, o chefe da missão portuguesa, Rui Oliveira, apontou, em declarações à Lusa, o atletismo e o boccia como as principais esperanças para medalhas mas não descarta surpresas na natação e no ciclismo. Tal como Humberto Santos, Rui Oliveira também referiu que os objectivos passam por resultados semelhantes aos de Londres, devido à “fortíssima concorrência” de atletas profissionais. Para o chefe de missão a profissionalização também “é o caminho para os atletas portugueses poderem participar em igualdade de circunstâncias”.

A história de vida de sete atletas paralímpicos

Sugerir correcção
Comentar