Boxe, muito mais do que um combate
Gustavo Lopes Pereira descobriu o mundo do boxe em 2014. Anda desde então de máquina fotográfica atrás dos atletas, muitas vezes por causa de compromissos contratuais. Confessa ter descoberto, entretanto, que “é muito mais interessante fotografar fora do ringue do que dentro”. E fora dos compromissos é o que tem feito. Sobretudo as galas, “noites com dez ou mais combates seguidos, eventos que demoram”, mas que têm também um objectivo. Os organizadores sabem que “quanto mais combates houver, mais gente aparece, mais família, mais amigos”, observou o fotógrafo.
A objectiva captou diferenças entre o boxe amador e profissional. Os combates profissionais “têm mais público, o nível técnico é maior, os atletas andam de tronco nu e podem ter apetrechos” até entrarem no ringue. Os amadores não. Têm de envergar uma T-shirt, são obrigados a regras diferentes.
Entre Março e Abril de 2016, Gustavo Lopes Pereira percorreu escolas e clubes da região de Lisboa, procurou galas amadoras – retratadas nestas oito fotos -, a tensão dos seus atletas antes do combate e a companhia dos familiares e amigos. Foi uma busca que, admite, é a sua “visão do boxe”.
Em Jubiabá (1935), de Jorge Amado, os amigos da rua, a família e os vizinhos entram na história de Balduíno antes e depois deste entrar nos ringues pela mão de Luigi. “No Largo da Sé estavam todos os amadores das lutas de boxe e mais frequentadores da Lanterna dos Afogados, inclusive Seu António, os moradores do Morro do Capa Negro, os amigos de António Balduíno. Primeiro entrou no tablado o juiz, um sargento do Exército, que estava à paisana. Falou: - Vamos ver uma luta braba. Peço ao público muito respeito e aplausos.”
Que comece o combate.