À saúde do Póvoas

Pus-me a ler algumas edições do jornal miguelista A Nação, por indolência, curiosidade e prazer: um alívio.

É fácil uma pessoa viciar-se com a bonança digital da nossa Biblioteca Nacional, que está no purl.pt

Pus-me a ler algumas edições do jornal miguelista A Nação, por indolência, curiosidade e prazer: um alívio.

Na edição de 15 de Setembro de 1847 (bem reproduzida a cores) lê-se na secção “Variedades” uma desculpa saborosa que cairá no goto de qualquer jornalista: “Por falta de espaço não podemos cumprir com o nosso dever de apresentar as notícias do dia; limitamo-nos a dizer que na noite do dia 12 chegou à barra o paquete d’Inglaterra, trazendo a seu bordo o honrado general Povoas (...).”

Mais abaixo, na secção “À Última Hora” aprende-se mais sobre este general Povoas, que tinha lutado com e contra Napoleão: “Hoje, pelas 10 horas da manhã foi acommetido d’um ataque cerebral cometoso (...). Seus numerosos amigos (...) buscaram desde logo salvar tão preciosa vida à custa dos maiores esforços da medicina a mais esclarecido: pelas 6 horas da tarde uma junta (...) declarou que o ataque, posto que summamente grave, não era com tudo necessariamente lethal (...) Agora que é alta noite o estado de S.Exª não tem peorado. Dia 15 pelas 11 horas da manhã. O general Povoas tem sensiveis allivios na sua molestia. Há as mais bem fundadas esperanças que fique sem lezão sensível.

Nesse ano o general Póvoas, com 73 anos, tinha organizado umas operaçõezinhas militares contra o governo liberal. Morreu só cinco anos depois na Quinta da Vela, perto da Guarda, onde tinha nascido.

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