Vilão de Avatar dá voz ao terror que Stephen King encontrou em Batman e Robin

Batman and Robin Have an Altercation, conto de Stephen King sobre o seu herói preferido da DC Comics, foi narrado pelo actor Stephen Lang.

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Robin foi o primeiro sidekick de Batman e apareceu pela primeira vez em 1940 na edição 38 da revista Detective Comics DR

Sanderson é um homem de meia-idade cujo pai sofre de Alzheimer. Todas as semanas, pai e filho vão almoçar ao restaurante Applebee’s, rotina que Sanderson cria para resgatar a relação dos dois. O pai não sabe o seu nome, esquece-se de tudo o que o rodeia, mas lembra-se particularmente do episódio em que os dois se vestiram de Batman e Robin no Halloween. Batman and Robin have an Altercation é uma short story de Stephen King escrita em 2012, que foi lida nesta terça-feira no podcast Too Hot For Radioda, da norte-americana NPR, pela voz grave de Stephen Lang, o temível Coronel Miles Quaritch de Avatar (2009).

A história tinha sido publicada originalmente numa edição da revista norte-americana Harper's Bazaar e numa colecção de contos intitulada The Bazaar of Bad Dreams, editada em 2015. O enredo, que se centra naquela noite de Halloween, tem o elemento inusitado e supernatural a que Stephen King nos habituou. “Há uma dose de terror e violência no final, mas é uma história bastante triste”, diz Stu Tinker, especialista na obra de Stephen King, em conversa com a locutora Aparna Nancherla. Tinker, que tem passado os últimos anos como guia em Bangor, Maine, a cidade natal de King, conta que “apesar de [o pai] não saber o nome do filho, defende-o na mesma quando ele é atacado”. A história pode ser ouvida a partir do minuto 5:30.

Ao longo de várias décadas, têm surgido imensas histórias protagonizadas por Batman, a maior parte da autoria de escritores de novelas gráficas. Mas se é raro ver um romancista a escrever sobre super-heróis, não é tão estranho saber que Stephen King imaginou uma história com Batman e Robin. Em 1986, o escritor norte-americano escreveu um texto intitulado Why I Chose Batman, que serviu de introdução à 400.ª edição da DC Comics, em que explicava a sua preferência por Batman relativamente ao Super-Homem.

Em primeiro lugar, Stephen King referia que Batman é um super-herói mais credível do que Super-Homem, demasiado forte e hábil. “A sua invulnerabilidade fá-lo parecer um herói que tem uma vantagem injusta; ser bom deveria ser sempre mais difícil do que ser o vilão”, afirmava. Pelo contrário, Batman era apenas um homem. “Era um homem rico, sim. Forte, com certeza. Inteligente, apostem nisso. Mas… ele não voava”, explicava.

King escrevia que era mais fácil para si acreditar num super-herói que “se pendurava em cordas, atirava bumerangues com uma precisão letal e conduzia como Richard Petty a levar uma mulher grávida para o hospital”. O escritor destacava ainda o método de Batman na investigação, perseguição e penalização dos criminosos e comparava-o, inclusive, a Sherlock Holmes. “Ele olhava para as pistas, recolhia impressões digitais e testemunhos. Sabia que, se identificasse um padrão, poderia esperar o criminoso no local do próximo ataque”.

Apesar disso, Stephen King não escondia que Batman tinha “algo de sinistro” que o cativava acima de tudo o resto. É certo que combatia o crime de vez em quando durante o dia, mas “era sobretudo uma forma nas sombras ou algo que se parecia a um homem de rosto lúgubre que partia janelas às primeiras horas da madrugada".

A história de Stephen King, que não está directamente relacionada com Batman e Robin, explora a profundidade da relação entre pai e filho e cruza-a com uma grande referência da cultura popular. Segundo o site Geek, “é uma história com profundidade com que – tal como Batman – as pessoas se poderão identificar”. Selected Shorts é um segmento do novo podcast da NPR em que “contos de escritores emergentes e conhecidos ganham nova vida ao serem lidas por estrelas do palco e dos ecrãs”. 

Texto editado por Hugo Torres

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