Trabalhadores da Unicer mantêm greve

Sindicatos cumprem seis dias de paralisação para exigir aumentos salariais e prometem “endurecer luta”.

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Queda de vendas em Angola, o segundo maior cliente da Unicer, levou a reestruturação Fernando Veludo/NFactos

Os trabalhadores da Unicer estão “disponíveis para continuar a luta” e mantêm a paralisação por aumentos salariais. A greve a dois períodos laborais (duas horas em dois turnos diferentes) termina domingo depois de seis dias de protesto e piquetes à porta da empresa de Leça do Balio. Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab) fala numa adesão de 100% e critica durante a postura da Unicer na negociação. A empresa preferiu não tecer comentários.

Segunda-feira haverá novo plenário e, segundo disse à Lusa Francisco Figueiredo, dirigente do Sintab, “tudo indica que [os trabalhadores] vão endurecer mais as formas de luta”. O sindicato acusa a administração da cervejeira de ter uma “postura de intransigência inaceitável” ao não atribuir aumentos salariais este ano. “Não podemos aceitar que uma empresa que em dois anos tenha distribuído pelos seus accionistas cerca de 60 milhões de euros de lucros, continue a ter esta posição de desvalorizar os trabalhadores que são a sua força motriz”, diz o Sintab em comunicado. Além do congelamento de salários, o sindicato garante que a Unicer tem contratado trabalhadores temporários ao dia e entregado serviços a empresas externas que antes eram executados internamente.

A empresa, dona da Super Bock, mostrou-se disponível para aumentar salários em 2017 e 2018, mas não em 2016. Foram propostas outras formas de compensar os trabalhadores, como um modelo de remuneração variável ou a atribuição de um dia de férias a mais, mas não foram aceites pelos sindicatos. Em cima da mesa está uma subida de ordenado de 3%, ou no mínimo de 30 euros.

A queda de vendas para Angola, o segundo maior cliente da cervejeira depois de Portugal, levou a Unicer a avançar em Outubro do ano passado com um processo de restruturação e a encerrar a fábrica de Santarém onde produzia refrigerantes (agora fabricados pela espanhola Font Salem, na mesma localidade). A quebra de 30% no mercado angolano teve impacto directo nas contas deste ano, mas os números ainda não são conhecidos. Angola vale um quarto das vendas da cervejeira. 

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