A canoagem portuguesa saiu do Rio com três diplomas e sem medalhas

K4 ficou em sexto na final da prova de 1000 metros. Presidente da federação diz que foi tudo bem feito e que nada vai mudar.

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O K4 português em acção COP

A participação da canoagem portuguesa de velocidade nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro fechou como acabou, com uma final e fora do pódio. No último dia de competição, o barco composto por Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes terminou em sexto na final de K4 1000, depois do quarto lugar do K2 1000 e do quinto lugar de Pimenta no K1 1000. Comparativamente a Londres 2012, o dado mais relevante foi que faltou a prata do K2 de Silva e Pimenta, a única medalha conquistada por atletas portugueses nos Jogos britânicos.

Na última final disputada na lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro, o K4 português ainda se manteve junto dos primeiros no início da corrida, mas foi perdendo terreno e chegou à fase final afastado da luta pelas medalhas. A Alemanha acabaria por vencer com o tempo de 3m02,143s, com grande vantagem sobre a Eslováquia (prata) e a República Checa (bronze). O barco português ainda passou os 250m em quarto, mas desceu para sexto à passagem dos 500m e manteve essa posição até ao fim, terminando a 5,339s dos novos campeões olímpicos.

Acabou por ser um resultado frustrante para este K4 português que tem coleccionado vários resultados de topo nos últimos anos, incluindo um título europeu em 2011, dois segundos lugares também em Europeus (2013 e 2015) e uma medalha de prata no Mundial de 2014. “Como todos os portugueses, nós também queríamos medalhas. Fizemos tudo para a conquistar, trabalhámos bastante e correu tudo bem. Faltou mais um bocadito, mas saímos de consciência tranquila”, disse no final João Ribeiro, que cumpriu a sua primeira participação olímpica com este sexto lugar, mais o quarto lugar do K2, o que mais perto ficou das medalhas (0,296s do bronze).

O consenso entre os quatro canoístas portugueses é que os adversários foram mais fortes e a verdade é que a concorrência era de respeito. O ouro alemão, por exemplo, teve a participação dos dois campeões de K2 (Rendschmidt e Gross), enquanto os eslovacos eram os actuais campeões do mundo e os checos tinham o bronze desses últimos Mundiais. “O nível da canoagem está muito elevado. Houve muito medalhados em Europeus e Mundiais que ficaram de fora da final”, constatou Fernando Pimenta, que passou de medalhado em Londres a duplo diplomado no Rio de Janeiro – foi quinto no K1.

Emanuel Silva, o mais experiente da equipa (quarta participação olímpica), sai do Rio com mais dois diplomas olímpicos, a juntar à prata de 2012 e ao sétimo lugar em Atenas 2004, com alguma frustração, mas com a sensação de dever cumprido: “Correu como tinha de acontecer. O destino estava traçado, como tudo na vida. Sabíamos que iríamos fazer uma grande prova, não foi o suficiente para chegar à tão desejada medalha, mas saímos de consciência tranquila. Demos o nosso melhor até à linha da meta. Conseguimos três finais olímpicas, temos todos diploma e só temos de estar optimistas. Amanhã começa um novo ciclo e é continuar com a mesma ambição e a mesma garra.”

Sem a “cereja”

No comparativo de resultados com Londres 2012, a equipa de 2016 fica a perder. Em 2012, atingiram-se três finais (K2 500 e K4 500 no sector feminino, K2 masculino) e conquistou-se uma medalha (K2 1000), em 2016 todas as finais foram da equipa masculina (K1, K2 e K4). Houve a novidade da canoa de Hélder Silva no C1 200 (falhou a final) e José Carvalho no slalom (nono na final) e nenhum dos barcos femininos (Francisca Laia em K1 200 e Teresa Portela em K1 500) chegou à final A.

Apesar da falta de medalhas, Vítor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), mostrou-se satisfeito com a prestação da equipa portuguesa, a maior de sempre em Jogos Olímpicos – seis homens e duas mulheres. “Estou bastante satisfeito. É claro que a medalha teria sido a cereja no topo do bolo. Este foi o melhor ciclo olímpico da canoagem portuguesa, que se continua a situar como uma das melhores modalidades. Se não fosse a medalha da Telma Monteiro, seria a melhor [no Rio]. Não pode ser colocado em causa um projecto sustentado de 12 anos e que tem trazido resultados. Amanhã vamos já começar a preparar Tóquio 2020”, garantiu o líder federativo.

A falta de pódios nos Jogos não vai provocar, garante Vítor Félix, uma mudança de rumo. “Ninguém merecia mais do que os atletas porque eles são os grandes obreiros destes sucessos. Temos a melhor geração de sempre da canoagem portuguesa. Temos tido bastante sucesso e este é um projecto sustentado. Temos de fazer uma avaliação e melhorar, para que a canoagem continue a ser uma modalidade de referência do desporto português”, acrescentou ainda o dirigente, que se vai recandidatar ao cargo de presidente da FPC e mantém a confiança na estrutura técnica: “Ainda é cedo para decidir sobre isso. Eu quero manter, mas isso depende da vontade deles.”

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