O mundo de Catarina, a Grande em Amesterdão

Até 15 de Janeiro de 2017, a sucursal do Museu Hermitage em Amesterdão dedica uma exposição à imperatriz russa, fundadora do museu principal em São Petersburgo.

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Catarina II, por Richard Brompton (1782) Museu Hermitage/DR

Foi há cerca de 250 anos que Catarina, a Grande fundou o Museu Hermitage, em São Petersburgo. A imperatriz russa, que esteve no poder durante 34 anos, é caracterizada como uma déspota esclarecida que apesar de somar várias vitórias militares não descurava o gosto pela arte. Catherine, the Greatest. Self-polished Diamond of the Hermitage é a mostra que vai desenhar o retrato da sua personalidade até 15 de Janeiro de 2017, em Amesterdão.

“Uma mulher feita por si mesma”, descreve Cathelijne Broers, directora do Hermitage de Amesterdão, citada pelo jornal espanhol El País. Com base nas memórias de Catarina II e dos seus contemporâneos, o museu apresenta mais de 300 objectos pertencentes à casa-mãe em São Petersburgo. O público é convidado a entrar no mundo da imperatriz e poderá ver objectos pessoais como vestidos, bijuteria e caixas decorativas, assim como algumas das pinturas e esculturas da sua vasta colecção de arte.

Catarina, a Grande (1729-1796) casou-se com o imperador Pedro III quando era uma princesa alemã de 14 anos. Proveniente de uma família de antigos costumes mas com poucos recursos, um casamento vantajoso seria para ela a solução ideal. Mas Catarina nunca amou Pedro e considerava-o incompetente para exercer o seu cargo. A sua ambição e a visão de Estado levaram-na a exonerar o marido e a ser coroada em 1762. Pedro II foi assassinado mais tarde e se, por um lado, os historiadores não estão certos de que terá participado no crime, a verdade é que os seus críticos foram silenciados.

Foi, então, necessária uma lavagem da sua imagem, operação que na época recorrentemente se fazia através da encomenda artística. Abundam desde então os seus retratos em diversas ocasiões, como Catarina com o ceptro e a orbe (símbolos da Coroa) ou de uniforme militar e a cavalo. Ávida leitora e escritora, a imperatriz estava sempre rodeada de livros de Cícero, Platão, Montesquieu, Diderot e Voltaire e correspondia-se com os últimos. Diderot disse dela que “tinha a alma de um Bruto, mas o coração de uma Cleópatra”. Um retrato próximo da realidade, já que Catarina ampliou as fronteiras da Rússia, ganhou acesso ao Mar Negro e arrebatou a Crimeia ao Império Otomano em grandes vitórias militares.

Catarina sonhava elevar São Petersburgo à altura de outras cortes europeias e, por isso, em 1764, comprou 317 quadros a um comerciante alemão para começar a sua colecção. Gastou tanto dinheiro em arte que à sua morte tinha 90 mil obras.

Hoje, o Hermitage tem cerca de dois milhões e meio de peças da Europa e do Oriente repartidas por cinco edifícios, entre eles o antigo Palácio de Inverno, residência oficial dos czares até à Revolução de Outubro. Para ali se mudaram Pedro e Catarina em Janeiro de 1762, à morte da imperatriz Isabel I.

Depois da sua morte, Catarina foi tema de vários livros, filmes e peças de teatro e inspirou grandes actrizes como Marlene Dietrich, Bette Davids e Catherine Deneuve.

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